Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Mulheres exigem a saída de Berlusconi


Por Altamiro Borges

Enquanto a mídia nativa volta a dar amplos espaços para Silvio Berlusconi, na sua ofensiva pela extradição do ativista Cesare Battisti, a situação do primeiro-ministro italiano é cada vez mais delicada. Vários setores da sociedade exigem o fim do seu governo fascistóide, acusado de corrupção, remessa ilegal de divisas, desmandos e, novamente, de exploração sexual de menores.

"O delírio senil do primeiro-ministro"

O jornal espanhol “Público” noticia hoje que “mais de 10 mil mulheres se concentraram na Praça Scala, de Milão, como o propósito de ‘recuperar a dignidade’ de um país que nas últimas semanas só fala das jovens que vendem seu corpo ao primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, com a promessa de dinheiro ou um posto de trabalho”.

Em apenas onze dias, mais de 60 mil pessoas também aderiram ao manifesto do jornal italiano L’Unita, que exige o fim “do delírio senil de um homem que tem dinheiro para pagar e comprar coisas e pessoas”. Essa foi a primeira reação da sociedade ao bisonho “caso Ruby”, no qual o bilionário foi acusado de pedofilia. Investigações descobriram que o primeiro-ministro participa de uma criminosa rede de prostituição no país.

“A Itália não é um prostíbulo”

A manifestação da Praça Scala teve a presença de inúmeras lideranças femininas do campo da política e da cultura. Susana Camusso, secretária-geral da Cgil, um dos maiores sindicato na Itália, foi uma das oradoras. Placas ironizaram: “Não quero passar por Arcore”, a mansão onde Berlusconi promove suas festas, “A Itália não é um prostíbulo”.

Ela foi uma prévia do “protesto nacional pela dignidade da mulher”, convocada para 13 de fevereiro. Serão realizados ainda diversos atos para colher assinaturas em todo o país para pedir a demissão de “Il Cavaliere”. Enquanto isto, a mídia colonizada brasileira continua dando espaço ao pedófilo fascista e bravateiro.
*miro

Nenhum comentário:

Postar um comentário