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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, agosto 05, 2011

Polícia prende mais de 500 estudantes no Chile

Agência Estado

Mais de 500 pessoas foram detidas e 14 ficaram feridas em várias cidades do Chile nesta quinta-feira, com a ação da polícia que disparou jatos d''água e gás lacrimogêneo para dispersar estudantes e professores que reivindicam reformas na educação do país. Logo em seguida, centenas de manifestantes invadiram a estação do canal de TV Chilevisión, e só deixaram o local depois que os produtores concordaram em colocar no ar uma mensagem com as reivindicações estudantis.

À noite, milhares de estudantes e professores tentavam se reunir na Plaza Italia, em Santiago, mas foram novamente dispersados pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d''água.

Os protestos têm sido crescentes desde que o presidente Sebastián Piñera anunciou, no ínicio do ano, amplo corte nos gastos com a educação do país, apesar de o Chile ter uma das economias que mais crescem na América Latina. O governo destina 4,4% de seu PIB para a área da educação, bem abaixo dos 7% recomendados pela Unesco.

Os jovens exigem uma série de reformas constitucionais para alcançar uma educação pública de qualidade e gratuita, a fim de que se acabe com o lucro das universidades, o que é proibido na legislação chilena. O sistema público de ensino é responsável por 3,5 milhões de estudantes no país.

Segundo os manifestantes, o sistema é subfinanciado e profundamente desigual. De acordo com o ministro do Interior do Chile, Rodrigo Hinzpeter, as manifestações desta quinta-feira - um greve nacional e duas marchas - não tinham a permissão do governo para ocorrer.

*esquerdopata

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