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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, agosto 02, 2011

Protesto inédito em Israel ameaça governo de Netanyahu

Redação, com agências internacionais - de Jerusalém
Israel
Manifestantes saem às ruas de várias cidades para protestar contra o governo de extrema-direita em Israel
Começou por ser um protesto no Facebook contra o aumento do custo de vida e o acesso dos jovens à habitação. Inspirado nos acampamentos europeus e nas revoluções árabes, o movimento juntou este fim de semana mais de 150 mil pessoas em manifestação contra o governo. E ganhou a solidariedade da maioria dos municípios, que entraram em greve.
Depois de acamparem duas semanas em praças de várias cidades israelitas, os ativistas convocaram uma manifestação de protesto na noite de sábado, pela justiça social e contra a política econômica do governo, que prossegue até a manhã desta segunda-feira. O que começou por ser um protesto contra os preços proibitivos da habitação, acabou por juntar muitos setores em luta contra os cortes na despesa pública, como os médicos que estavam há vários meses em greve.
O movimento é já considerada a maior ameaça ao governo da extrema-direita liderado por Netanyahu, que foi pressionado para cancelar o período de férias parlamentares durante esta crise. Os acampados têm o apoio esmagador da população em todas as sondagens, o que terá contribuído para que o governo apresentasse uma proposta para apoiar a construção de unidades habitacionais para arrendamento a preço controlado e dar descontos aos jovens nos passes dos transportes.
Alguns membros do movimento rejeitaram a proposta, que consiste em diminuir o preço dos terrenos para os construtores, na esperança que estes transfiram o desconto para os jovens arrendatários.
– Quem é que vai ter terra de graça? Será o povo de Israel? São os construtores, os ricos. É isso que Netanyahu propõe como habitação acessível – respondeu Daphni Leef, a mulher que deu início ao protesto, citada pelo diário israelita Haaretz.
Quanto à proposta de descontos nos transportes, Daphni vê-a como uma forma de dividir o movimento.
– Porquê só aos jovens? Então e os idosos? Rejeitamos essa proposta – acrescentou.
O diário israelita informa ainda que muitas autoridades municipais do país resolveram apoiar os protestos entrando em greve esta segunda-feira. Mais uma dor de cabeça para Netanyahu, que viu no fim de semana o director-geral do ministério das Finanças demitir-se em protesto contra a desorganização na resposta à crise, responsabilizando o ministro que o tutelava e o próprio primeiro-ministro.



Autoridades municipais de Israel entram em greve em apoio a 'indignados'




A maioria das autoridades municipais de Israel iniciou nesta segunda-feira (01/07) uma greve em solidariedade à onda de protestos sociais no país e que no sábado passado levou às ruas 150 mil pessoas. As autoridades não prestarão serviços nos escritórios governamentais nem abrirão ao público. Além disso, a limpeza das ruas e a coleta de lixo foram suspensas.

O protesto foi convocado pela União de Autoridades Municipais, organização que representa 265 autoridades locais. "Trata-se de um amplo protesto social ao qual não podemos nos opôr (...) Estou orgulhoso que prefeitos de todas as margens do espectro político e de todas as partes do país apoiem seus moradores e se somem a sua justa luta", assinalou seu presidente, Shlomo Bohbot, em comunicado no site da União.


Jerusalém não se unirá à iniciativa porque considera incorreto prejudicar o público, apesar de se identificar com o protesto contra o preço dos imóveis, informa a rádio pública israelense.


A greve representa uma nova faceta no crescente movimento de protestos sociais que começou no último dia 14 com um acampamento em Tel Aviv para protestar contra o preço dos imóveis.

*Cappacete

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