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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, novembro 07, 2011

Argentina homenageia pianista brasileiro. Que inveja da Argentina !

Pianista brasileiro foi assassinado por ditadura argentina


DE BUENOS AIRES


“Vou sair pra comprar cigarros e um remédio. Volto logo.”

Depois de deixar esse bilhete aos parceiros Vinicius de Moraes e Toquinho, com quem fazia uma temporada de shows, o pianista Francisco Tenório Jr. deixou o hotel Normandie, em Buenos Aires, e nunca mais reapareceu.

O músico foi confundido com um guerrilheiro de esquerda e levado por repressores para um centro de detenção.

A Argentina estava às vésperas de um golpe militar que imporia uma ditadura no país – o sequestro ocorreu no dia 18 de março de 1976, os militares tomaram o poder no dia 24.

Segundo um oficial da Marinha que diz ter sido testemunha do ocorrido, quando se deram conta do equívoco, era tarde demais. Tenório estava muito machucado e teria visto o rosto de seus algozes. Foi então assassinado. Tinha 35 anos.


DEDICATÓRIA

No próximo dia 16, a legislatura da cidade de Buenos Aires fará uma homenagem ao artista brasileiro, dedicando a ele uma placa, que será colocada na frente do hotel.

Na avaliação do escritor e colunista da Folha Ruy Castro, a história da música popular brasileira poderia ter sido outra e mais variada se Tenório não tivesse morrido naquela noite.

Além da homenagem na capital argentina, Tenório está sendo celebrado por meio de um documentário do cineasta espanhol Fernando Trueba (“El Embrujo de Shangai”), em fase de edição.

A filha mais velha de Tenório, Elisa Cerqueira, conta que foram encontrados arquivos inéditos do músico, que serão editados junto com o filme.

“Ele ficaria muito feliz de saber dessas homenagens. É uma pena, porém, o fato de que eu, meus irmãos e minha mãe não tenhamos ficado sabendo nunca o que aconteceu de verdade com ele”, diz Elisa.

Elisa conta que, até 1986, os familiares ainda acreditavam que ele pudesse estar apenas desaparecido e que um dia “poderia tocar a campainha da porta”.

Quando surgiu a versão do oficial da Marinha, porém, eles perderam as esperanças. A homenagem portenha é mais um acontecimento na série de reparações que a Argentina tem feito com relação aos crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura.

A família do músico já havia sido indenizada pelo governo local. (SYLVIA COLOMBO)




(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a  Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

O dirá a Comissão da 1/2 Verdade sobre Tenório?
*PHA

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