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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, novembro 02, 2011
Lula agradece apoio e chama todos à luta
Num vídeo, gravado pelo fotógrafo Roberto Stuckert, o presidente Lula agrade as manifestações de solidariedade e, mesmo com a voz falhando, convoca a todos para não darem espaço ao pessimismo, apoiarem Dilma e manterem a certeza de que o Brasil mudou e que temos, finalmente, um futuro que começa no presente, e não mais apenas na imaginação.
Se ele, diante do problema que enfrenta, conserva este ânimo, cada um de nós pode dar um pouco mais de empenho para que, poupando Lula, a luta não esmoreça por um minuto sequer.
O que Dilma dirá ao G-20:
Ontem, na solenidade “As empresas mais admiradas”, realizada pela Revista Carta Capital, a presidenta Dilma Rousseff fez uma espécie de avant-premiére do que será sua fala na reunião do G-20, que se inicia quinta-feira, em Cannes, na França.
Creio que haverá três pontos-chave na sua fala.
A primeira, propor – certamente diante de ouvidos moucos – que a crise seja enfrentada sem medidas recessivas, as mesmas que não deram certo nunca. “Se todos fizerem ajustes recessivos, a recessão será uma profecia autorrealizável”, adiantou Dilma.
A segunda, que será mencionada e seguirá mais forte nos diálogos bilaterais, é a de que o Brasil ajudará num projeto de recuperação que leve em conta o aquecimento da economia européia, mas dentro de um quadro institucional, via FMI, com o correspondente apoio da Europa á reestruturação de poder dentro do Fundo e à mudança de seus enfoques econômicos. Para esta, os ouvidos já não poderão ser “de mercador”, porque eles precisam e já viram que a China não virá com seu dinheirinho ajudar tão fácil assim.
Por fim, Dilma vai apontar o Brasil como destino favorável aos capitais sem emprego seguro nas economias centrais, ressaltando a força de nosso mercado interno, a solidez de nossos fundamentos econômicos e a perspectiva de reaceleração do crescimento a partir do início do ano que vem, animada por nosso consumo doméstico.
PS. Leia mais sobre as condições da ajuda do Brasil à União Europeia aqui
*Tijolaço
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