Escravidão moderna: 99% a serviço de 1%
Via O Diário.info
Os offshore não têm pátria*
“O
capitalismo tem o mundo a saque e a grande massa da riqueza que rouba
está nas mãos de um insignificante punhado. É mais do que tempo de
arrumar de vez a questão”.
Filipe Diniz
Enquanto
o capitalismo em crise desenvolve uma brutal ofensiva contra os
direitos dos trabalhadores e dos povos, só os 10 maiores bancos privados
mundiais - incluindo os suíços UBS e Credit Suisse e o inevitável
Goldman Sachs – movimentaram para offshores em 2010 mais de 4 triliões
de libras, um acréscimo explosivo em relação aos 1,5 triliões que tinham
movimentado em 2005.
O capital não tem pátria, e os offshores ainda menos a têm.
Um estudo que acaba de ser publicado (“Estimating the Price of Offshore” - Tax Justice Network, http://www.taxjustice.net/cms/front_content.php?idcat=148) referido pelo “Guardian” (http://www.guardian.co.uk/business/2012/jul/21/offshore-wealth-global-economy-tax-havens?intcmp=239; http://www.guardian.co.uk/business/2012/jul/21/global-elite-tax-offshore-economy)
contém elementos particularmente esclarecedores. Estima esse estudo que
a “elite global dos super-ricos” fez escapar às malhas do fisco e
encaminhou para offshores um total de pelo menos 21 triliões (milhões de
milhões de milhões) de dólares, o que equivale aos PIB somados dos EUA e
do Japão. Essa quantia colossal vem de muitos lados, incluindo de
alguns dos países mais pobres de África. Mas o seu destino é no
essencial comum: a Suíça e as Ilhas Caimão. E quem trata do seu
encaminhamento para paraísos fiscais não são obscuros contabilistas
especializados na trapaça fiscal: são os funcionários altamente
qualificados da banca privada. Informa o estudo que os 10 maiores bancos
privados mundiais - incluindo os suíços UBS e Credit Suisse e o
inevitável Goldman Sachs – movimentaram para offshores em 2010 mais de 4
triliões de libras, um acréscimo explosivo em relação aos 1,5 triliões
que tinham movimentado em 2005.
Este estudo
contém duas conclusões particularmente importantes. Uma, que para muitos
países o dinheiro que escapa por esta via aos impostos seria suficiente
para cobrir o total das respectivas dívidas externas. Outra, que o
volume de riqueza alojado em paraísos fiscais é de tal ordem que, se
fosse tido em conta na avaliação dos índices de desigualdade, alteraria
profundamente a caracterização actual. Enquanto 3 mil milhões de seres
humanos - 45% da população mundial - sobrevivem com menos de 2 dólares
por dia, 92 mil indivíduos - 0,001% da população mundial - possuem bens
em offshores no valor 6,3 triliões de libras.
O
capitalismo tem o mundo a saque e a grande massa da riqueza que rouba
está nas mãos de um insignificante punhado. É mais do que tempo de
arrumar de vez a questão.
*Este artigo foi publicado no “Avante!” nº 2017, 26.07.2012
*GilsonSampaio
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