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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, julho 28, 2012

O McDonald`s vai embora da Bolívia por desinteresse do público e fecha todos os seus pontos 

 

Via Rebelión
Adital
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti
Depois de 14 anos de presença no país sul-americano, e apesar de ter tentado todas as campanhas imagináveis, a rede gringa se viu obrigada a fechar as oito lancherias que mantinha abertas nas três principais cidades do país: La Paz, Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra.
Trata-se do segundo país latino-americano – Cuba é o primeiro – que não terá McDonalds, e o primeiro do mundo onde a empresa fecha por ter seus números no vermelho durante mais de uma década.
O impacto para os publicitários e diretores de marketing, que não conseguiram superar sua frustração, foi de tal força que gravaram um documentário intitulado “Por que o McDonald`s da Bolívia quebrou”, onde tentam de algum modo explicar as razões que levaram os bolivianos a continuar preferindo as deliciosas empanadas aos frios hamburguers.
Rechaço cultural
O documentário inclui entrevistas com cozinheiros, sociólogos, nutricionistas, educadores, historiadores e outros, onde há um consenso geral: o rechaço não é aos hamburguers ou ao seu gosto, e sim está na mentalidade dos bolivianos. Tudo indica que o conceito de “fast-food” é, literalmente, a antítese da concepção que um boliviano tem de como deve ser preparada a comida.
Na Bolívia, ainda se conserva o conceito da cultura gastronômica tradicional, onde o rito da refeição começa desde decidir o que se vai comer, ir ao mercado comprar os ingredientes, conviver enquanto se preparam os alimentos, a forma com que eles se apresentam e a maneira com que são servidos. A comida, para ser boa, requer, além de sabor, esmero e higiene, e ponto de cozimento, que adquire depois de muito tempo de preparação. É assim que um consumidor avalia a qualidade do que leva ao estômago.
A primeira quebra de McDonald´s no mundo representou um trauma para os ianques, e significa um golpe ao capitalismo mercantilista comercial. A comida rápida “não é para essa gente”, concluíram os franceses. Tremei, Coca-Cola!
Coca-Cola fora da Bolívia a partir do próximo dia 21 de dezembro
Numa decisão de contornos eminentemente midiáticos, mas não por isso menos admirável, a Coca-Cola será expulsa da Bolívia no próximo dia 21 de dezembro de 2012. De acordo com o Ministro do Exterior da Bolívia, David Choquehuanca, essa determinação estará em sintonia com o “final” do calendário maia, e será parte das comemorações para celebrar o fim do capitalismo e o começo da “cultura da vida”. A festa será realizada no final do solstício de verão (no hemisfério sul) na Ilha do Sol, situada no lago Titicaca.
“Em 21 de dezembro de 2012 haverá o fim do egoísmo, das divisões. O dia 21 dezembro tem que representar o final da Coca-Cola e o início do mocochinche (refresco de pêssego)”, disse Choquehuanca, em um ato juntamente com o mandatário Evo Morales. “Os planetas se alinham depois de 26 mil anos [...] é o fim do capitalismo e o começo do comunitarismo”, acrescentou o ministro.
Embora essa medida busque atrair os refletores para um governo boliviano que tem recebido muitas críticas de diversas trincheiras, é certo que, simbolicamente, é um ato interessante, que na prática poderá se traduzir num estímulo para melhorar as condições de saúde dos habitantes do país.
Lembremos que a Coca-Cola, assim com a maioria dos refrigerantes industriais, contém diversas substâncias que se provou serem prejudiciais ao corpo, e cujo consumo continuado é associado inclusive a infartos e derrames cerebrais. 
GilsonSampaio

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