Márcio Thomaz Bastos oficializa saída do caso Cachoeira
O escritório do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos deixou nesta
terça-feira (31) oficialmente a defesa do empresário Carlos Augusto
Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A saída será protocolada no processo sem
pronunciamento formal.
A detenção de Andressa Mendonça, noiva de Cachoeira, foi o estopim. Mas a crise já se alongava durante semanas.
Thomaz Bastos já estava fora do caso há duas semanas. Uma advogada da
equipe, Dora Cavalcanti, afirmou que durante a defesa de Cachoeira
surgiram "atritos naturais" e que a relação entre empresário e advogados
foi desgastada.
Após detenção de Andressa, ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos deixa o caso de Carlinhos Cachoeira Zanone Fraissat - Folhapress |
"A saída do caso foi amigável. Nosso acordo era defender o empresário
Carlinhos Cachoeira apenas até a audiência da semana passada. Fui uma
saída natural", disse a advogada.
Segundo advogados da equipe, não há previsão de pagamento por ressarcimento ao réu.
Inicialmente, a estimativa era que o ex-ministro tenha cobrado R$ 15 milhões para fazer a defesa do empresário.
ANDRESSA
Andressa Mendonça começou a ser investigada ontem por suspeita de tentar
corromper o juiz responsável pela Operação Monte Carlo, que resultou na
prisão do empresário, em fevereiro.
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de
Andressa, que foi obrigada a prestar depoimento e a pagar fiança de R$
100 mil.
Ela também não poderá entrar em contato com nenhum investigado na operação - inclusive Cachoeira.
Segundo o juiz federal Alderico Rocha Santos, Andressa esteve em seu
gabinete no último dia 26 para tentar obter a revogação da prisão e a
absolvição do marido.
Na ocasião, conforme relato do magistrado à Procuradoria, ela afirmou
ter um dossiê com "informações desfavoráveis" a ele que seria divulgado
pelo "repórter Policarpo na revista 'Veja'" caso Cachoeira não fosse
liberado.
Redator-chefe da revista "Veja" em Brasília, Policarpo Júnior aparece
conversando com Cachoeira em diálogos interceptados na operação, mas
que, segundo a PF, denotam apenas relação entre repórter e fonte.
Em nota, a revista classificou a acusação como "absurda, falsa e
agressivamente contrária aos nossos padrões éticos". Disse ainda que
toma providências para "processar o autor da calúnia que tenta envolver
de maneira criminosa a revista e seu jornalista".
Diante das afirmações do juiz e de representação da Procuradoria, a
Justiça Federal determinou as ações contra Andressa, surpreendida em
casa pela PF por volta das 7h. Segundo o delegado Sandro Paes, Andressa
ainda estava dormindo e "ficou surpresa". Ela estava sozinha.
Na casa, que é alugada, segundo relatos de Andressa ao delegado, foram
apreendidos dois computadores, dois iPads, um aparelho celular e
documentos manuscritos.
Andressa deixou a sede da PF em Goiânia por volta das 12h15, sem falar
com a imprensa. A reportagem não localizou ontem advogados que a
representem, e o defensor de Cachoeira não respondeu às tentativas de
contato.
Segundo a Procuradoria, Andressa é investigada hoje por suspeita de
corrupção ativa, pelo episódio do juiz, e também por suposta lavagem de
dinheiro e corrupção passiva -o grupo de Cachoeira teria intenção de
transferir bens para o nome dela.
O juiz Alderico Santos assumiu o processo do caso Cachoeira após o
titular da ação penal pedir para ser substituído. Na ocasião, em junho,
Paulo Augusto Lima alegou estar em "situação de extrema exposição" em
Goiás.
Catia Seabra*comtextolivre
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