Revista Veja morre de medo da força da internet; entenda
Revista Veja circula
esta semana com oito publicidades do Ministério da Educação e uma dos
Correios. No entanto, condenam publicidade em veículos de comunicação
que julgam ‘não fazer jornalismo sério’. Ontem, Erenice Guerra foi
inocentada na justiça, aquela que a Veja ajudou a detonar com um amontoado de mentiras. Quem faz jornalismo sério?
Veja,
de fato, não renuncia a ela. Na edição desta semana, seu maior
anunciante é o Ministério da Educação, com oito páginas. Além disso, há
também uma página dos Correios.
Não era jornalismo. Era um troço parecido com jornalismo, que ajudou a levar as eleições presidenciais de 2010 para o segundo turno.
Mas o que a mídia tradicional busca é apenas uma reserva de mercado.
José Serra comprou uma briga inglória.
Ao propor uma ação judicial contra a publicidade oficial em blogs de dois jornalistas que o criticam, Paulo Henrique Amorim e Luís Nassif, tudo o que ele conseguiu foi uma hashtag #SerraCensor que despontou entre os assuntos mais comentados do dia, além de um artigo de seu porta-voz informal, Reinaldo Azevedo.
Ao propor uma ação judicial contra a publicidade oficial em blogs de dois jornalistas que o criticam, Paulo Henrique Amorim e Luís Nassif, tudo o que ele conseguiu foi uma hashtag #SerraCensor que despontou entre os assuntos mais comentados do dia, além de um artigo de seu porta-voz informal, Reinaldo Azevedo.
O blogueiro da Abril publicou
artigo em que condena publicidade em sites que fazem “um troço parecido
com jornalismo”. Mas disse, no entanto, que veículos tradicionais,
como Veja, por exemplo, não devem renunciar à publicidade oficial – já que ela está aí.
O movimento de Serra e
Reinaldo, na verdade, não ocorre isoladamente. Trata-se de algo
organizado. Antes deles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
tratou do tema numa coluna no Estado de S. Paulo. Depois, foi seguido por Eugênio Bucci, que, além de consultor de Roberto Civita, presidente da Abril,
foi também citado na decisão do juiz Tourinho Neto que quase soltou
Carlos Cachoeira – na decisão, Tourinho, sabe-se lá por que, determinou
que o contraventor, em liberdade, não poderia se aproximar de dois
jornalistas: Policarpo Júnior e o próprio Bucci.
Enquanto estiveram no poder, os tucanos jamais se incomodaram com a questão da publicidade oficial.
Andrea Matarazzo, braço direito de Serra, foi um ministro da Secretaria de Comunicação de FHC muito querido por donos de empresas de mídia.
Reinaldo
Azevedo, quando foi empresário, teve apoio da Nossa Caixa e do
ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, mas o projeto da revistaPrimeira Leitura acabou naufragando.
Andrea Matarazzo, braço direito de Serra, foi um ministro da Secretaria de Comunicação de FHC muito querido por donos de empresas de mídia.
O que os incomoda, na
verdade, é a nova realidade da informação no Brasil e no mundo. Antes,
havia quatro ou cinco famílias relevantes no jogo da informação no
Brasil. E os barões da mídia mantinham uma postura aristocrática, cuja
cornucópia era alimentada por boas relações no setor público.
Hoje, com a internet, há muito mais vozes.
Um troço parecido com jornalismo
O novo mundo é
polifônico. E não apenas os governos, mas também as empresas privadas,
já estão abraçando essa nova realidade. Nos Estados Unidos e na
Inglaterra, por exemplo, a publicidade na web é muito maior do que nos
jornais impressos. Na rede, a relação investimento/retorno é muito mais
eficiente, além de mais transparente.
A
investida do PSDB, com apoio de Reinaldo Azevedo, no entanto, veio em má
hora. Nesta quarta-feira, os jornais noticiaram o arquivamento da
denúncia contra a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, por
absoluta falta de provas.
Antes do segundo turno das eleições presidenciais de 2010, Veja fez
uma denúncia sobre a entrega de malas de dinheiro na Casa Civil, a
partir de um diz-que-diz em off, e a Folha de S. Paulo denunciou um
lobby bilionário no BNDES feito por um personagem que não passaria pela
catraca de segurança da sede do banco na Avenida Chile, no Rio de
Janeiro.
Não era jornalismo. Era um troço parecido com jornalismo, que ajudou a levar as eleições presidenciais de 2010 para o segundo turno.
Pode-se discutir a qualidade do jornalismo na internet, assim como nos veículos impressos.
Mas o que a mídia tradicional busca é apenas uma reserva de mercado.
E demonstra medo crescente diante da força da internet.
O resto é conversa fiada.
Fonte: Brasil 247
do blog do SARAIVA
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