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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 25, 2012

Mães de Maio vão pedir para a presidenta Dilma  intervenção do governo federal na atual crise de segurança pública em SP


Integrantes do movimento Mães de Maio vão a Brasília entregar carta a Dilma Rousseff pedindo acompanhamento da crise de segurança pública em São Paulo



Integrantes do movimento Mães de Maio, formado por familiares de vítimas da violência policial em São Paulo, vão a Brasília hoje (25) entregar uma carta para a presidenta Dilma Rousseff pedindo intervenção do governo federal na atual crise de segurança pública no estado de São Paulo. Na carta é pedido que o assunto tenha acompanhamento da Presidência, do Ministério da Justiça, da Secretaria de Direitos Humanos e de outros órgãos da esfera federal. De acordo com o movimento, a onda de violência policial já vitimou cerca de 200 pessoas nos últimos dois meses, sobretudo jovens pobres e negros, e o poder público estadual não tem demonstrado capacidade de lidar com a situação.
Outras reivindicações na carta são o controle social do Ministério Público, a criação de uma comissão que apure os crimes cometidos por agentes do Estado e a apresentação dos resultados da Comissão Especial Crimes de Maio de 2006, criada pelo ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos Paulo Vannuchi no último ano do governo Lula. Este caso, no qual 493 pessoas foram mortas por grupos de extermínio, foi uma reação aos ataques realizados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) e completou seis anos no último dia 12 de maio, ainda sem solução.
Além disso é pedido acompanhamento rigoroso pelo Conselho Nacional de Justiça e pela Defensoria Pública da União dos processos relacionados aos crimes de Maio de 2006, abril de 2010, e aos assassinatos de músicos na Baixada Santista.
“Queremos também um encaminhamento efetivo no sentido de abolir definitivamente os registros de 'Resistência Seguida de Morte', 'Auto de Resistência' e afins em todo país – essa verdadeira 'licença para matar', inconstitucional, usada a torto e a direito por policiais assassinos em todo país", diz a carta que será entregue a Dilma.  O documento pede ainda a abolição do artigo 329 do Código Penal, a chamada "resistência", que para o movimento abre uma brecha jurídica para promover execuções.
Os 15 pontos que compõem a carta foram definidos em articulação entre as Mães de Maio e a Rede Nacional de Familiares de Vítimas do Estado em todo Brasil, da qual fazem parte diversos coletivos que lutam por justiça contra crimes do estado. As Mães pretendem realizar ato para entregar a carta à Presidência da República durante o Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, que será realizado entre 25 e 29 de julho, no Complexo Cultural da República, em Brasília.
*MariadaPenhaneles 

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