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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, dezembro 01, 2012


IMPRENSA NEWS

Integrantes do grupo “Hacked Off”, que reúne famílias e vítimas de abusos da imprensa do Reino Unido. Eles apoiaram o relatório.

Relatório recomenda Lei de Imprensa para o Reino Unido

Da CartaCapital

Após nove meses de trabalho, o juiz Brian Leveson, de uma corte de apelações do Reino Unido, entregou nesta quinta-feira 29 um relatório sobre os padrões jornalísticos dos periódicos britânicos e provocou polêmica. Leveson recomendou, entre outras coisas, que seja criado um órgão regulador da imprensa, independente dos jornais, a partir da elaboração de uma lei de imprensa. Esta instituição não teria poder de censura sobre qualquer tipo de material, mas poderia aplicar multas de até um milhão de libras em caso de quebra de um novo código de conduta que seria criado.

O relatório Leveson, como é chamado o documento (...), foi pedido em julho de 2011 pelo primeiro-ministro conservador David Cameron, após o escândalo do jornal The News of The World, do magnata Rupert Murdoch, e provocou de imediato um conflito entre os políticos britânicos, dividindo a coalizão governista e, possivelmente, ameaçando a governabilidade.

Em pronunciamento também nesta quinta-feira 29, Cameron rejeitou a recomendação de criar por lei um órgão regulador. Cameron lembrou que o Reino Unido nunca teve qualquer lei de imprensa e disse considerar uma intervenção deste tipo uma “travessia do Rubicão” na história do país. Segundo ele, o Parlamento é um “baluarte” da democracia no Reino Unido e deve “pensar muito bem” antes de cruzar essa linha. Cameron admitiu, no entanto, que o atual sistema de autorregulamentação da imprensa britânica é inaceitável. Segundo o jornal The Guardian, o premier deve dar até um ano para que os veículos de comunicação recriem o órgão autorregulador de forma a contentar a classe política e a população britânica.

(Para ler o texto completo, clique aqui).

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No Brasil, contava-se com uma Lei de Imprensa. Tal lei, porém, criada em 1967, na ditadura militar, foi extinta pelo STF em 2009. Perfeito: entulho autoritário tem mais é que ser detonado. Ocorre que desde então impera o vácuo; nem sequer o mísero Direito de Resposta está assegurado. Há projeto de lei na pauta do Legislativo, mas inexiste perspectiva sobre quando (e se) será levado a deliberação. Enquanto isso...

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