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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Luciano Huck vai processar Rafinha 

 

Em nota divulgada ontem à noite, o apresentador global Luciano Huck, que foi barrado por uma blitz da Lei Seca no Rio de Janeiro e se recusou a fazer o teste do bafômetro, informou que vai processar o “humorista” Rafinha Bastos. Logo após o incidente, o ex-CQC não perdeu a chance e disparou contra o rival da TV Globo. “Da próxima vez, vai de táxi, seu bosta”, ironizou Rafinha, numa referência ao antigo sucesso musical de Angélica, esposa de Luciano Huck e também estrela global. A reação às “grosserias” foi imediata.
Numa nota lacônica, sua assessoria de imprensa informou: "Sobre a apreensão da sua CNH, Luciano Huck já se manifestou a respeito em sua fanpage no Facebook. Quanto à discussão gerada, não existe a necessidade de nenhum comentário extra por parte do apresentador que ressalta que discussões positivas são sempre bem-vindas. Sobre as grosserias gratuitas e desproporcionais, ele entende que este assunto deve ser tratado nas esferas do judiciário. E assim será”.
Baixarias das celebridades midiáticas
A rápida reação acuou novamente o agressivo “humorista” e o ex-CQC apressou-se em pedir desculpas. “Li e reli o meu post anterior e decidi escrever. Personifiquei a minha ira contra a hipocrisia do planeta na figura do Luciano Huck... Acabei transformando o caso em um palanque para despejar uma série de ofensas pessoais contra o trabalho do apresentador. Atitude desnecessária. Feia. Eu poderia ter exposto a minha opinião de uma forma muito mais inteligente e eficiente. Não sei se haverá algum processo judicial contra mim. Não é esta a questão. Estou aqui apenas para deixar claro que desta vez sinto que me equivoquei. Errei e por isso peço desculpas”, escreveu Rafinha.
O caso pode não dar em nada e sumir da mídia – o que é muito comum no país. Mas ele serve ao menos para desmistificar o mundo das celebridades midiáticas. Luciano Huck sempre foi apresentado como um exemplo de “bom-mocismo” – foi até capa da revista Veja, que adora queimar a língua (vide Demóstenes Torres, o “mosqueteiro da ética”). Recentemente, ele chegou a ser cogitado pelo PSDB para ser candidato. Agora, é flagrado numa blitz e foge do bafômetro. Já Rafinha é uma das maiores expressão do humorismo reacionário do país. Eles se merecem!
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Só para se divertir com as baixarias no mundo das celebridades, leia o que Rafinha escreveu sobre Huck antes de se “arrepender” e pedir desculpas:
Luciano, você bebeu antes de dirigir. Fez merda. Mas não se preocupe: Para a maioria do país, comunicador FDP não é aquele coloca a vida dos outros em risco, é aquele que fala o que pensa. Fique tranquilo.
No fundo você está pensando: "Só bebi um pouquinho e estava a 20 Km/h. Essa lei é muito radical no Brasil e com a dose que bebi, eu não seria sequer multado em nenhum outro país". Não é isso que está na sua cabeça? Eu sei que é. Eu conheço cabeça de playboy inconsequente.
Mas é claro que você não vai dizer nada disso. Sabe porque? Porque dizer o que pensa é mais arriscado do que dirigir alcoolizado. Você nunca falou nada que desagradasse o seu público, não é em um momento de crise que você irá fazer isso, tô certo?
Você não vai jogar fora toda uma credibilidade construída durante anos de assistencialismo barato na TV, não é?
Para se sair bem desta, segue a minha dica: Fala que não agiu certo. Isso. Veste aquela máscara de celebridade arrependida e vai pra TV fazer de conta que você se importa com o assunto. Melhor ainda... faz campanha contra a combinação direção + álcool. Perfeito! Nossa, vai pegar super bem! O povo vai te amar ainda mais.
Genial.
Bem... nem sei porque estou aqui dando dicas. Você sabe muito bem o que fazer, afinal, teatrinho falso na TV é a tua especialidade.
Tenho certeza que tudo vai acabar bem.
E da próxima vez, se não for atrapalhar muito a sua vida, tenta não colocar a vida dos outros em risco. Pega um táxi, seu bosta.
Altamiro Borges

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