A tarifa e a crise do sistema
Por Poeta Sem-Teto
Todo dia o
peão pega o busão para ir trabalhar e ser explorado pelo patrão. Já
seria um fardo, mas tem um agravante: a passagem. Ela é cara, e, em um
valor - apenas hipotético, claro - de 3,20 consome 128 reais ao fim do
mês. Algo como 20% de um salário mínimo.
Todo dia o
estudante pega o busão para ser bombardeado por matérias sem sentido,
para ou estudar que nem um condenado para passar em uma prova sem
sentido para entrar em uma universidade, ou para ir à universidade ser
formado como força de trabalho da qual se explora mais-valia.
É essa a exploração a que os trabalhadores e estudantes do Brasil estão, há anos, submetidos.
No início de
2013, uma rebelião popular na cidade de Porto Alegre barrou uma
tentativa da prefeitura de aumentar a tarifa. Isso teve um impacto
enorme em toda a massa brasileira, que é explorada pelo sistema. Logo,
os estudantes começaram a se articular para - tentar - fazer o mesmo.
Mas o estopim ainda não havia chegado.
A presidenta
Dilma havia sugerido às prefeituras que o aumento de tarifas só
ocorresse nos meios de ano, e as prefeituras aceitaram. O mês de Junho
chegou e, com ele, os aumentos de tarifas! Assim, por culpa de Dilma,
todas as juventudes estudantes e trabalhadoras se articularam ao mesmo
tempo: em Goiânia, Rio, Curitiba, São Paulo, Natal, Niterói, etc os
jovens saíram às ruas exigir seus direitos de, pelo menos, irem
trabalhar/estudar sem ter que pagar nada.
No momento
em que escrevo, quatro cidades conseguiram barrar o aumento: Porto
Alegre, Taboão da Serra, Natal e Goiânia. No momento em que escrevo, a
repressão policial foi brutal em Sampa: a polícia sitiou a Av Paulista e
jogou bombas de gás lacrimogêneo (fora da validade, ou seja, podiam matar) em manifestantes que bravavam "sem violência!".
O que esses
fatos representam? A resposta é bastante simples: a massa operária,
estudante e explorada resolveu sair às ruas por seu direito de ir e de
vir. O sistema, que vê no transporte do povo uma maneira de lucrar,
resolveu bater na massa até essa se calar. Mas a massa não quer se
calar, quer resistir. O problema é que o sistema não sabe negociar, só
sabe reprimir.
E assim
continuará sendo até que a situação se torne insustentável ao sistema,
até que o sistema seja obrigado a entregar a mão - a redução das
passagens - para não entregar o braço - o passe-livre, a democracia, a
não-exploração no trabalho -, do contrário, o sistema será obrigado a
bater, bater, e bater, até que comece a apanhar, apanhar e morrer.
No momento em que escrevo, a rebelião da massa se alastra. Haverão mais protestos em Sampa, no Rio, em Campinas, Goiânia, etc.
De pé, povo operário!
À batalha,
hemos de derrotar a reação!
*CentroSocialismo
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