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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 06, 2013

brasil exporta gás lacrimogênio e spray de pimenta que lixo

Não bastasse a fama internacional de “país mais alienado e despolitizado do mundo”, o Brasil ganha notoriedade agora por um novo motivo: o destaque na exportação de gás lacrimogêneo. A expressão “Made in Brazil” estampada nos projéteis que vêm sendo utilizados na Turquia, no Barein, Emirados Árabes, entre outros, vem chamando a atenção de movimentos sociais internacionais em vários países devido aos crescentes problemas de saúde causados pelos produtos brasileiros. Tudo começou com a morte de um bebê no Barein após inalar o gás lacrimogêneo brasileiro, que resultou numa série de denúncias da Anistia Internacional contra a empresa brasileira Condor AS, líder na produção das chamadas “armas não-letais” na América Latina. Em abril deste ano, a empresa fechou um contrato de 12 milhões de dólares com o governo dos Emirados Árabes (onde é crescente o risco de protestos populares). A empresa, que é atualmente uma das principais apoiadas pela Agencia Brasileira de Promoção de Exportações (APEX) em feiras internacionais, vem se destacando como a única fornecedora de gás lacrimogêneo e pimenta, bombas de fumaça, balas de borracha e pistolas de choque (tasers), para diversos países como a Turquia (país que já importou mais de 600 toneladas de gás lacrimogêneo e de pimenta, ao custo de 21 milhões de dólares). No Brasil, a Condor AS possui contratos milionários tanto com o governo federal quanto com governos estaduais e prefeituras, os quais vêm equipando as forças policiais (PF, PM, GM, etc.), militares e outros órgãos, tanto no combate ao crack como na repressão a protestos sociais. Tais contratos, no entanto, deverão ser fortemente ampliados nos próximos meses em razão da preparação do país para eventuais protestos associados aos “grandes eventos” (Copa e Olimpíada), motivo pelo qual o governo federal já destinou até o momento 49 milhões de reais à Condor SA (reportagem especial de Ocupa a Rede Globo).
Não bastasse a fama internacional de “país mais alienado e despolitizado do mundo”, o Brasil ganha notoriedade agora por um novo motivo: o destaque na exportação de gás lacrimogêneo. A expressão “Made in Brazil” estampada nos projéteis que vêm sendo utilizados na Turquia, no Barein, Emirados Árabes, entre outros, vem chamando a atenção de movimentos sociais internacionais em vários países devido aos crescentes problemas de saúde causados pelos produtos brasileiros. Tudo começou com a morte de um bebê no Barein após inalar o gás lacrimogêneo brasileiro, que resultou numa série de denúncias da Anistia Internacional contra a empresa brasileira Condor AS, líder na produção das chamadas “armas não-letais” na América Latina. Em abril deste ano, a empresa fechou um contrato de 12 milhões de dólares com o governo dos Emirados Árabes (onde é crescente o risco de protestos populares). A empresa, que é atualmente uma das principais apoiadas pela Agencia Brasileira de Promoção de Exportações (APEX) em feiras internacionais, vem se destacando como a única fornecedora de gás lacrimogêneo e pimenta, bombas de fumaça, balas de borracha e pistolas de choque (tasers), para diversos países como a Turquia (país que já importou mais de 600 toneladas de gás lacrimogêneo e de pimenta, ao custo de 21 milhões de dólares). No Brasil, a Condor AS possui contratos milionários tanto com o governo federal quanto com governos estaduais e prefeituras, os quais vêm equipando as forças policiais (PF, PM, GM, etc.), militares e outros órgãos, tanto no combate ao crack como na repressão a protestos sociais. Tais contratos, no entanto, deverão ser fortemente ampliados nos próximos meses em razão da preparação do país para eventuais protestos associados aos “grandes eventos” (Copa e Olimpíada), motivo pelo qual o governo federal já destinou até o momento 49 milhões de reais à Condor SA (reportagem especial de Ocupa a Rede Globo).

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