Cidades do mundo onde existe tarifa zero. Não estão em Cuba, na Venezuela nem na Coréia do Norte. Prefeitura do PT defendeu a ideia para São Paulo em 1990, mas partido foi derrotado na Câmara
Tarifa zero é possível: conheça cidades que têm transporte público gratuito
Cidades no exterior oferecem opções de transporte de graça organizadas
por órgãos públicos e sem a participação de empresas privadas
por Luciana Galastri
Os protestos relacionados ao aumento da tarifa do transporte coletivo em
São Paulo levantam, novamente, a discussão sobre o modelo de “Tarifa
Zero”. A ideia é que os custos das passagens sejam inteiramente
subsidiados por governos e prefeituras, sem que o cidadão precise pagar
nada para usar o ônibus, metrô ou outros veículos incluídos na rede.
A ideia já foi considerada em São Paulo em 1990, na gestão de Luiza
Erundina (PT) como prefeita. Para custear o sistema, seria implantado o
“Fundo de Transporte”, que reservaria parte do dinheiro coletado no
IPTU. Dessa forma, o custo do transporte coletivo para os cidadãos
seriam proporcionais a seus ganhos salariais. Por apresentar um aumento
no IPTU, o projeto sofreu resistência e não foi aplicado. Atualmente, o
Movimento Passe Livre luta pela gratuidade no transporte coletivo,
encarando a mobilidade dentro da cidade como inerente ao direito humano
de acesso à cultura e a serviços públicos.
Mas será viável aplicar um modelo como esse? Confira alguns exemplos de
municípios no exterior (e dois brasileiros) que conseguiram implantar a
gratuidade do trasnporte coletivo:
Talinn, Estônia
Em 2013 a cidade de Talinn, capital da Estônia, implementou o esquema de
transporte coletivo gratuito para habitantes, se tornando a primeira
grande cidade europeia a adotar o esquema. Para fazer uso da rede
completa, que inclui trens, ônibus e bondes, basta que o usuário
apresente um cartão registrado na prefeitura (pode ser obtido com uma
taxa de 2 euros). Internamente, o programa foi apelidado de “13o.
salário”, já que usuários poderão economizar o equivalente a um salário
mínimo anualmente - que, por políticos da oposição, foi visto como uma
jogada populista para agradar eleitores.
A tarifa ‘gratuita’ custará aos cofres públicos o equivalente a 16
milhões de dólares, custos que devem ser cobertos com o estímulo à
economia - de acordo com a prefeitura, foi registrada uma maior
mobilidade nos fins de semana, indicando que pessoas saem de casa e
gastam mais dinheiro no comércio e em atividades culturais. Já nos três
primeiros meses de implementação, estima-se que o uso de carros na
capital foi reduzido em 15%, enquanto o número de passageiros do sistema
de transporte coletivo subiu 10%. Para suportar a maior quantidade de
usuários, Talinn comprou 70 novos ônibus e 15 novas linhas de bonde. O
objetivo é ser conhecida como “A Capital Verde” da Europa em 2018.
A cidade chinesa de Chengdu já sinalizou interesse em estudar o modelo
de Talinn para oferecer transporte gratuito para seus próprios
habitantes - a ideia seria diminuir a quantidade de veículos em suas
ruas e amenizar seu trânsito caótico.
Sydney, Austrália
Algumas linhas centrais da cidade são gratuitas - entre elas dois
exemplos de importância crucial para a movimentação de habitantes. A
primeira percorre um trajeto no Central Business District, o coração da
cidade, que conta com uma grande concentração comercial, assim como
opções de programas culturais. Outra linha cruza a região de Kogarah,
região que possui muitos hospitais e escolas. Esses percursos são
financiados, também, com o dinheiro público - direto dos cofres da
prefeitura.
Changning, China
Desde 2008, tanto visitantes quanto habitantes de Changning, cidade da
província de Hunan, na China, podem usar gratuitamente as três linhas de
transporte coletivo. A iniciativa, que custou US$ 1 milhão aos cofres
públicos, foi a primeira no país - em outros municípios, o transporte é
controlado por empresas privadas que recebem um subsídio das
prefeituras. Os custos de manutenção das linhas seriam cobertos por
publicidade dentro dos ônibus e subsídios do governo. Logo de início, o
uso de ônibus aumentou em dois terços.
Seguindo o modelo de Changning, a cidade industrial de Changzhi também adotou o de transporte coletivo gratuito em 2009.
Baltimore, EUA
Em Baltimore, cidade de cerca de 600 mil habitantes localizada no estado
de Maryland, os ônibus são gratuitos e, além de tudo, híbridos - o que
significa que o impacto ambiental é reduzido (não há emissões de gases
em 40% do tempo de seu funcionamento). São três linhas conectadas a
outras opções de transporte, como metrôs e trens.
E no Brasil?
Já existem cidades pequenas que usam os cofres públicos para financiar
completamente seu sistema de transporte. Porto Real, no Rio de Janeiro,
não apenas aboliu a tarifa de R$ 0,50 por trajeto, em 2011, como
aumentou as linhas de ônibus que atendem o município. Com uma população
pequena, de 16 mil habitantes, estima-se que 3 mil deles façam o uso do
sistema diariamente. Outra cidade brasileira a adotar o sistema é
Agudos, no interior de São Paulo, próxima a Bauru. A gratuidade também
foi implantada em 2011, quando se extinguiu a tarifa de R$ 2,40 e, desde
então, o uso dos ônibus aumentou em mais de 60%.
Para conhecer outras cidades que aderiram ao transporte coletivo gratuito (completamente ou em algumas linhas), confira o site Free Public Transport.
Deputados estaduais do PT convocam comandante da polícia de Alckmin para dar explicações sobre a violência contra manifestantes. Policiais civis e militares foram infiltrados nos protestos para incitar violência e atingir Haddad
Adriano Diogo: “Infiltraram policiais civis e militares no meio da garotada para incitar a violência”
por Conceição Lemes
do Vi o Mundo
Na próxima terça-feira, os deputados estaduais Adriano Diogo e Beth
Sahão (PT) proporão à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia
Legislativa de São Paulo (Alesp) a convocação do comandante da Polícia
Militar (PM), para dar explicações sobre barbárie dessa quinta-feira, 13
de junho.
“Nos últimos dias, o governo Alckmin prometeu intensificar a repressão
nas próximas manifestações de rua. Ao anunciar isso publicamente, ele
deu a senha para a repressão abusiva, descabida, desnecessária da PM”,
atenta Adriano Diogo, que preside a Comissão. “Os policiais atiraram em
jovens, jornalistas, pessoas que estavam passando… Barbarizam mesmo para
forçar uma reação violenta.”
“Embora o metrô e o trem tenham aumentado, o governo Alckmin, nas
entrevistas, só se refere ao aumento do ônibus, para atingir o governo
Haddad”, prossegue o deputado. “É uma ação pensada, bem orquestrada, com
vistas à eleição de 2014, e com o objetivo de desmoralizar o PT.”
“Nessas horas, dá perceber claramente o que nós já sabemos: a estrutura
policial da ditadura permanece intacta, principalmente os setores de
inteligência, como a P2 [serviço reservado da PM] e a tropa de choque”,
denuncia Adriano. “Infiltraram policiais civis e militares no meio da
garotada para incitar a violência. Ninguém me contou, eu vi um bando de
profissionais em provocação – não eram estudantes! –, quebrando vidro,
fazendo bandidagem.”
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