Esquerda consequente na prática: respeitar os contratos da administração anterior para refazê-los depois, preparar o terreno para a viabilização do BILHETE ÚNICO MENSAL
por Paulo Jonas de Lima Piva
Qualquer prefeito no lugar do petista Fernando Haddad, mesmo o da mais
extrema esquerda mais bravateira e delirante (PSOL, PSTU, PCO), mesmo o
mais Che Guevara do Partido Comunista Trotskista pra Caralho, é obrigado
por lei a respeitar os contratos feitos pelas administrações que o
antecederam, concordem ou não com eles. Lembrando, vivemos num Estado
liberal de Direito, logo, num Estado que garante a todos, inclusive aos
empresários, a defesa legal dos seus interesses. Enfim, vivemos numa
ordem em que leis e contratos precisam ser obedecidos, mesmo quando você
não os tenha assinado, como é o caso do prefeito de São Paulo. Para
começar, não foi Haddad quem privatizou o transporte público de São
Paulo, tampouco foi ele que negociou com as empresas de ônibus o
contrato em vigor. Cumprir portanto o contrato que permite às empresas
de ônibus reajustes é uma obrigação institucional do prefeito. Caso
contrário, ele terá sérios problemas com a Justiça, que pode até, em
última instância, levá-lo à perda do mandato.
Já que rasgar o que o prefeito anterior, Gilberto Kassab, assinou não
lhe foi permitido, o que Haddad fez, dentro dos seus limites legais
muito limitados de prefeito, foi negociar o conteúdo do contrato com os
empresários mafiosos do transporte. Na queda de braço, o resultado foi o
que as empresas de ônibus permitiram, já que estas, em posse do
contrato com a prefeitura, têm a faca e o queijo na mão na hora de
encerrar o assunto.
Poderia ter sido pior. O reajuste poderia ter sido muito maior. Haddad,
entretanto, garantiu que o aumento não ultrapassasse a inflação. O que o
prefeito fará doravante é tentar mudar esse contrato com as empresas de
ônibus para o ano que vem, repensar o modelo para a licitação da
exploração do transporte público em São Paulo.
Não podemos nos esquecer que no meio desse conflito há um projeto
fundamental para São Paulo, de grandes benefícios sociais, que pode ser
prejudicado: o BILHETE ÚNICO MENSAL. Entrar em confronto com as empresas
agora para satisfazer as pressões das ruas pode minar a viabilidade
desse projeto. As empresas contrariadas podem, por vingança contra
Haddad, sabotar o BILHETE ÚNICO MENSAL. Portanto, muita calma nessa
hora. E Haddad está sendo muito sábio na condução desse primeiro
conflito de peso do seu primeiro ano de mandato. Que o movimento
continue nas ruas promovendo uma reflexão sobre a necessidade do
transporte público em São Paulo ser cada vez mais público de fato e
menos privado. Daqui a pouco a poeira se assenta e o desgaste político
sofrido por Haddad no momento certamente será recompensado depois...
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