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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 03, 2013

Ex-executivo da Microsoft quer criar rede de lojas de maconha nos EUA


Vicente Fox e James Shively, durante entrevista coletiva
Vicente Fox, ex-presidente do México, manifestou apoio ao projeto do empresário James Shively
O empresário James Shively, ex-executivo da Microsoft, observou que o mercado legal da maconha nos Estados Unidos é enorme e chegou à conclusão de que é possível explorar o potencial comercial do negócio.
Shively planeja criar a primeira marca de cannabis e ser o líder na distribuição legal da droga no país. A ideia é abrir uma rede para vender maconha em moldes semelhantes aos da cadeia Starbucks, que domina o mercado americano de cafeterias.
O uso, a venda, e a posse da maconha são ilegais nos Estados Unidos em nível federal. Mas os Estados de Washington e Colorado já aprovaram em referendo o uso recreativo da droga, e outros 18 Estados permitem o consumo com fins medicinais.
Em uma coletiva de imprensa em Seattle, na semana passada, Shively declarou que quer importar cannabis legalmente do México para uso medicinal e recreativo.
O empresário apresentou seu plano ao lado do ex-presidente mexicano Vicente Fox, que, após deixar o cargo em 2006, defendeu publicamente a descriminalização das drogas. Fox disse que apoia o projeto de Shively.
"A iniciativa é bem-vinda no México porque o custo da guerra contra o tráfico no país é insustentável", afirmou o ex-presidente do país.
"Planejamos criar uma rede nacional e internacional de venda de cannabis", disse Shively, que pretende dar à empresa o nome de Diego Pellicer, em homenagem ao seu bisavô, que foi produtor de cânhamo - nome dado a fibra que se obtém da planta de cannabis.

Investimento milionário

Por enquanto, o empresário americano de 45 anos apresentou um projeto a investidores que prevê um capital inicial de US$ 10 milhões, mas seus planos são mais ambiciosos.
Uso da maconha para fins medicinais é atualmente permitido em 18 Estados americanos
"O tamanho estimado do mercado americano, uma vez que tudo estiver legalizado e regulamentado, avaliamos que será de cerca de US$ 200 bilhões, e o do mercado global ficaria acima de meio trilhão de dólares", afirmou Shively.
Para o ex-gerente de estratégia comparativa da Microsoft, a venda da maconha "é um mercado gigantesco em busca de uma marca". "Ficaremos felizes se chegarmos a 40% do total das vendas mundiais", acrescentou.
Shively admite que seus planos, no momento, são ilegais, mas diz que começará seu negócio em Seattle, comprando distribuidores de maconha medicinal de três Estados que já legalizaram esse tipo de uso - Califórnia, Washington e Colorado.
Um dos planos de Shively é que sua empresa encomende um estudo sobre o uso de óleo de cannabis no tratamento de câncer e de outras doenças.
Mas os opositores do projeto insistem que os danos à saúde causados pelo uso da maconha superam os benefícios que sua comercialização pode trazer em tempos de dificuldades econômicas.
Apesar das críticas, o ex-executivo da Microsoft diz que estamos vivendo um "momento único na história", que ele descreve como "a queda do Muro de Berlim da proibição da cannabis".

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