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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 03, 2013

Mais fácil achar ouro que médico, diz chefe de hospital do câncer

"Está mais fácil achar ouro do que encontrar [médico] especialista". A afirmação é de Henrique Prata, diretor do Hospital de Câncer de Barretos - referência no tratamento público da doença - que apoia "110%" a proposta do governo federal de facilitar a vinda de médicos estrangeiros para atuar no Brasil.
Defensor da ideia de trazer profissionais de outros países mesmo antes do plano do governo, Prata disse que o próprio hospital administrado por ele tem hoje um déficit de 70 médicos. Não consegue ocupar as vagas, segundo o diretor, por falta de gente no mercado.
"Não tem médico. Concordo 110% com essa visão do governo. Falta profissional no interior, e só assim [com a 'importação'] será possível resolver o problema. Nós não achamos [médicos], principalmente especialistas."
Henrique Prata, do Hospital de Câncer de Barretos, que defende importação médicos estrangeiros
Henrique Prata, do Hospital de Câncer de Barretos, que defende importação de médicos estrangeiros Foto: Joel Silva
A medida é polêmica e já recebeu críticas de entidade como o CFM (Conselho Federal de Medicina), que diz que um dos principais problemas da falta de médicos no país são os baixos salários.
Prata defende, porém, a qualidade dos médicos estrangeiros. Por isso, afirma o diretor, ele cita os casos de profissionais da saúde da Espanha e de Portugal.
"Eu conheço a maioria das faculdades [de medicina] de Portugal. Estão no nível de USP. Na Espanha também. São países sérios. E o nível de formação deles é muito bom."
Em Barretos, Prata tem hoje pesquisadores estrangeiros no hospital. Em 2011, quando o hospital de câncer tinha déficit de 38 oncologistas, ele disse que pensava em resolver o problema trazendo médicos estrangeiros. Isso só não foi feito ainda, segundo Prata, por "questões burocráticas".
Na prática
A situação, declara, é pior em regiões onde há menor concentração de profissionais. O Hospital de Câncer de Barretos tem um programa que faz atendimento de saúde no Norte e Nordeste do país, com carretas que percorrem essas regiões.
"Lá, é uma tristeza", afirma ele referindo-se à falta de profissionais nos locais por onde passam as unidades móveis de atendimento.
"Esse problema você não supera do dia para a noite. A medida do governo é correta. Foi preciso muita coragem para mexer nesse vespeiro. Tem que ter firmeza", avalia Prata, para quem os opositores à ideia de trazer estrangeiros são corporativistas.
João Alberto Pedrini No fAlha
*comtextolivre

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