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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 04, 2013

Quinta D'or demite mas não denuncia técnico por estupro


Hospital diz que funcionário foi demitido por "quebra de protocolo"


O Hospital Quinta D'or não denunciou o técnico em enfermagem Brivaldo Xavier à polícia por ter estuprado pelo menos duas pacientes dentro da Unidade de Terapia Intensiva. Ao invés disso, o hospital enviou um representante jurídico  no momento em que o advogado de uma vítima de 36 anos fez a denúncia na 17ª DP, em São Cristóvão. A denúncia foi registrada no dia 13 de maio de 2013. O hospital não informou os motivos de não ter denunciado Brivaldo à Polícia.
Nesta segunda-feira, o técnico em enfermagem teve a sua prisão preventiva decretada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. O primeiro pedido de prisão foi negado pelo Ministério Público, por "falta de provas".
Segundo a assessoria de imprensa da rede D'or, o Hospital só soube do crime no momento em que o advogado da vítima foi até o Quinta D'or avisar que iria à 17ª DP. O Hospital alega que Xavier foi suspenso imediatamente, e demitido por justa causa após sindicância interna realizada no dia 14 de maio. Como já havia passado o horário do expediente, a demissão foi registrada oficialmente no dia 15 de maio, pela manhã.  
O motivo foi quebra de protocolo: O técnico desrespeitou a norma que atesta que os banhos nos pacientes devem ser dados por dois enfermeiros, e não apenas um.
Para evitar que um crime semelhante ocorra no futuro, o Quinta D'or, em nota, diz que "O hospital segue rigorosas normas de segurança e os protocolos do hospital exigem claramente que dois profissionais realizem o procedimento de higiene dos pacientes. O hospital conta com câmeras de segurança e as imagens estão sendo utilizadas para elucidação do caso. O hospital toma e tomará todas as providências cabíveis caso qualquer profissional não cumpra com os procedimentos e protocolos da instituição".
Um dos abusos teria ocorrido na madrugada do dia 11 de maio. Pelas imagens das câmeras, o técnico entra no quarto da vítima pelo menos 20 vezes, mesmo com aquela área não sendo de sua responsabilidade. Em depoimento na delegacia, o técnico afirmou que "um monitor estava apitando". Já a idosa de 66 anos alega ter sido abusada pelo menos duas vezes, a primeira delas em fevereiro. 
*JornaldoBrasil

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