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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 05, 2013

“Sozinhos, podemos ser mais rápidos, mas juntos podemos avançar mais longe”, diz presidente do Peru sobre integração

“No lugar onde eu estiver, na hora que for, a integração da América Latina para mim será uma profissão de fé. Porque não posso conceber que nascemos para ser pobres”. Ao lado do presidente peruano Ollanta Humala, o presidente Lula falou na manhã desta quarta-feira (5) a uma platéia de empresários e políticos peruanos e brasileiros na celebração dos 10 anos da Aliança Estratégica entre os dois países, firmada por Lula com o então presidente peruano Alejandro Toledo, em 2003.

“Sozinhos podemos ser mais rápidos, mas juntos podemos avançar mais longe”, resumiu o presidente peruano ao final de seu discurso. Humala lembrou que o Peru tem um grande potencial na agroexportação, mas não pretende vender apenas commodities, por isso está interessado também na transferência de tecnologia, para mudar o perfil do comércio peruano.

Lula e Humala comemoraram as conquistas desses últimos dez anos:

- o comércio entre Brasil e Peru passou de US$ 650 milhões em 2002, para US$ 3,7 bilhões em 2012;

- Desde 2012, praticamente todos os produtos peruanos entram no mercado brasileiro com alíquota zero. Em 2017, o mesmo deve ocorrer com produtos brasileiros vendidos ao Peru. 

- A integração física também avançou com a rodovia Transoceânica, que liga o Brasil ao litoral peruano, oferecendo uma alternativa de transporte de produtos brasileiros para o Pacífico e impulsionando a integração entre os dois países. Para Humala, o Peru é a saída natural do Brasil ao Pacífico e o Brasil é a saída natural do Peru ao Atlântico.

- Nos últimos 10 anos, Brasil e Peru tiveram mais encontros empresariais do que nos 280 anos precedentes.

O presidente peruano disse que um dos desafios é exatamente a violência, muitas vezes acompanhada do narcotráfico. Humala disse que a preocupação dos políticos deve ser por uma sociedade mais igualitária e, para isso adotou políticas de combate à pobreza, seguindo o exemplo de Lula no Brasil. Lula, por sua vez, disse que investir no pobre foi fundamental para o sucesso econômico do Brasil mesmo durante a crise internacional e que isso resulta em menos violência e mais cidadãos.

O papel dos empresários

Falando a uma platéia de empresários, Humala disse que seria loucura não apoiar os investimentos nessa integração. Lula disse que os presidentes deveriam sempre viajar com empresários, porque são eles que têm a capacidade de transformar as decisões dos governantes em coisas práticas. “Os empresários devem ter o papel de cobrar que aquilo que os presidentes assinaram está acontecendo”. (Com informações do Instituto Lula)

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