Marcha da Maconha reúne 10 mil pessoas em São Paulo
A Globo e a PM falaram em “cerca de mil” manifestantes… bom, eles precisam aprender a contar. Nada menos do que 10 mil pessoas marcharam neste sábado contra a “guerra às drogas” e pela legalização. Alguma dúvida? Se liga na foto! (Clique aqui e veja o álbum da Marcha da Maconha SP 2013)
Marcha da Maconha reúne ativistas, estudantes e até bebê em SP
UOLIntervenções artísticas e palestras abriram a Marcha da Maconha, que reuniu neste sábado (8) manifestantes favoráveis à legalização da droga no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na região central da cidade.
Carregando um cigarro de maconha gigante, o grupo fechou três
faixas da avenida Paulista e apenas uma ficou livre para deixar passar
os ônibus. Aos gritos de “Ei polícia, maconha é uma delícia”, o protesto
seguiu em direção à praça da República, onde está prevista uma extensa
programação musical durante a noite.
As discussões levantadas pelo protesto foram representadas por
diversos blocos de organização autônoma, como o antimanicomial, o
religioso, o medicinal, o psicodélico e o contra a internação
compulsória. O panfleto distribuído pela organização do ato coloca entre
os problemas causados pela ilegalidade da droga o encarceramento em
massa, a violência do Estado e a corrupção.
O modelo segue a ideia de que a política de drogas no Brasil passa
por diversos temas, explica uma das representantes do bloco feminista,
Gabriela Moncau. “A gente acredita que o Estado faz uma ingerência
indevida sobre o corpo dos cidadãos”, diz ao fazer um paralelo entre o
direito ao uso de entorpecentes e o direito ao aborto, uma das bandeiras
do feminismo. Gabriela destaca ainda que o tráfico é a maior causa da
prisão de mulheres, que encarceradas, muitas vezes, enfrentam situações
piores do que os homens. “Muitas estão em presídios que eram masculinos e
não foram adaptados, tem mictórios no banheiro”, exemplifica.
A dona de casa Ellen Yamada levou o filho Caio, de apenas 2 meses,
para participar da manifestação. “Estou aqui para demonstrar minha
revolta pela ilegalidade da maconha e a legalidade de coisas que fazem
muito mais mal e são vendidas normalmente, como o cigarro e a bebida”,
disse, ao destacar que acha esse tipo de contradição uma hipocrisia da
sociedade.
As estudantes de história Lívia Filoso e Rhana Nunes foram ao
protesto principalmente para ver a palestra do professor Henrique
Carneiro, que leciona para ambas e falou no início no evento. Apesar da
motivação comum, as duas têm opiniões diferentes sobre o ideal da
marcha, que neste ano teve o lema “A proibição mata: legalize a vida”.
Rhana não acredita que a venda legal de drogas vá reduzir o
tráfico. “Se as pessoas pudessem plantar, eu era a favor. Mas dá muito
trabalho, elas vão continuar indo ao morro, porque vai ser mais barato”,
disse ao comparar a venda de drogas com a de produtos falsificados.
A organização da marcha calcula que até 5.000 pessoas devem ter
participado nos momentos de maior concentração, enquanto o major Élcio
Góes, responsável pelos 150 homens da Polícia Militar que acompanharam a
manifestação, disse que só faria uma estimativa de público ao final do
protesto. Ao fechar ruas e avenidas importantes, como a rua Augusta e a
rua da Consolação, a marcha consegue, na opinião de Marcos Magri,
atingir um de seus objetivos: “causar impacto na sociedade”.
Policiais e manifestantes entram em conflito, mas Marcha da Maconha segue
FolhaManifestantes que participam da Marcha da Maconha neste sábado (8) em São Paulo entraram em conflito com policiais. O ato, que começou na av. Paulista, vinha ocorrendo de forma pacífica até que, na altura do número 1.029 da rua Augusta, um manifestante se desentendeu com um PM, que o prendeu.
Na sequência, integrantes da marcha tentaram impedir a detenção e hostilizaram os policiais, atirando latas de cerveja e outros objetos. Os PMs responderam com golpes de cassetete e spray de pimenta.
Houve correria e confusão até a altura da esquina da Augusta com a rua Costa, quando os PMs fizeram uma linha de contenção e a marcha foi retomada.
A polícia informa que uma pessoa foi presa por posse de entorpecente e encaminhada para o 78º DP, nos Jardins. A advogada Carolina Freitas, 23, diz que tentou conversar com os policiais sobre a situação do jovem, que estava com um baseado na mão, mas um policial tentou imobilizá-la e a agrediu com dois golpes de cassetete.
De acordo com o major Élcio Góes, comandante da operação da PM, 150 policiais foram destacados para acompanhar a marcha. O esquema de segurança inclui a chamada “operação Olho de Águia”, na qual duas motos equipadas com câmeras vão filmar o ato, enviando as imagens automaticamente para uma central de monitoramento
Góes disse acreditar que não haveria consumo de maconha durante o ato, mas que seria feita a repressão caso o uso da droga fosse flagrado pelos policiais.
No entanto, já com a caminhada em curso pela rua Augusta, que foi ocupada nos dois sentidos, a reportagem da Folha presenciou o uso da maconha por diversos manifestantes, sem que os policiais tomassem qualquer iniciativa para coibir a prática até aquele momento.
A MARCHA
A manifestação de hoje é a segunda Marcha da Maconha realizada em São Paulo depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) assegurou a legalidade desse tipo de protesto, em junho de 2011.
A concentração para o ato começou às 14h no vão livre do Masp e seguiu em direção ao centro da capital. Em acordo com os manifestantes, a Polícia Militar liberou a ocupação de três faixas da via no sentido Consolação.
Neste ano, o ato tem como lema a frase: “Proibição mata: legalize a vida”. A organização da Marcha esperava cerca de 5.000 participantes, atraídos por shows de bandas de rap e reggae que acontecerão na região da praça da República.
Às 17h40, o tenente Becker, subcomandante da operação, estimava a presença de cerca de 1.000 pessoas na marcha. Já a organização do ato fala em 10 mil participantes. Renato Cinco (Psol), vereador no Rio de Janeiro, disse que essa foi a maior marcha que ele já presenciou o no país.
ALVOS
Segundo o cientista social Marco Saião Magri, 27, que integra a organização do movimento, a marcha tem como “alvo” autoridades que tem defendido o aumento da política de repressão às drogas, com o deputado federal Osmar Terra (PMDB-RS), autor do projeto de lei que endurece penas para o tráfico, e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que se declarou contra a descriminalização das drogas.
Outro alvo das críticas, segundo Magri, será o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador do programa de combate ao crack do governo de São Paulo. O movimento é contra o incentivo à criação de comunidades terapêuticas para o tratamento de usuários, que também pode incluir a internação compulsória de dependentes.
“São Paulo deu o azar de ter, nas três esferas de governo, autoridades que seguem investindo nessa estratégia de enfrentamento que já se mostrou fracassada”, disse Magri.
A marcha também abrirá espaço para a manifestação de outros grupos, como o movimento feminista, que critica a aprovação por uma comissão da Câmara do chamado Estatuto do Nascituro –projeto encampado por líderes evangélicos que pode restringir os casos de aborto legal em caso de estupro e risco de vida para a mãe.
REAÇÕES
Apesar de liberada, a Marcha da Maconha continua despertando reações extremadas entre simpatizantes e apoiadores da causa. O aposentado Enio Semeguine, 64, criticou a manifestação e se disse contrário à legalização da maconha.”Tenho um amigo que perdeu tudo, casa, trabalho, família, porque o filho era viciado em drogas”, disse.
Já o holandês Paul Kniest, 48, que mora no Brasil e trabalha na área de T.I., defendeu a Marcha. Apesar de dizer que nunca usou drogas, Kniest disse que a liberação na Holanda não aumentou o número de usuários. O único “efeito colateral” para ele, foi o aumento do número de turistas de países vizinhos que vão à Holanda apenas para consumir a droga nos “coffee-shops”.
O videomaker Grima Grimaldi, por sua vez, não mediu palavras para defender a legalização da cannabis. “Fumo desde os 17 anos, tenho 57 e nunca escondi isso. Você pode ter um monte de bebidas em casa, mas não pode ter um pé de maconha. É um absurdo”, disse ele, que fez questão de se qualificar como “documentarista e maconheiro”.
“Meu filho é músico. Hoje mora em Londres. Fumo na frente dele desde que nasceu e mesmo assim ele nunca pegou num baseado”, prosseguiu Grimaldi. “Os pais hoje vivem numa paranoia. Se o filho quiser fumar, ele vai fumar”.
Manifestantes realizam Marcha da Maconha na Avenida Paulista
G1
De acordo com a PM, cerca de 1 mil pessoas participam do evento.
Organizadores querem debate descriminalização da droga.
A Polícia Militar deteve neste sábado (8) durante a Marcha da Maconha
um jovem suspeito de porte de entorpecente. A substância não foi
qualificada pelos policiais.O rapaz foi conduzido ao 78º Distrito Policial, dos Jardins. Houve tumulto porque participantes da marcha tentaram impedir a ação. A PM estima que 1 mil pessoas participam da manifestação. Segundo o Major Élcio Góes, 150 homens realizaram o policiamento.
saiba mais
A Marcha da Maconha começou no vão livre do Museu de Arte de São
Paulo (Masp), seguiu pela Paulista no sentido Consolação, desceu a Rua
Augusta e a Rua da Consolação e terminou na Praça da República, onde os
manifestantes foram recebidos com shows de música.Gabriela Moncau, uma das organizadoras da marcha, estima que o evento atingiu 10 mil pessoas. “Mesmo com o tumulto a avaliação é positiva. Ela cumpriu o papel de chamar a atenção da população para esse debate”, afirmou.
De acordo com Gabriela, houve truculência da polícia. “Não existe uma explicação para se bater na pessoas.” Sobre o jovem apreendido, ela disse que ele estava fumando maconha e que os advogados na marcha iriam à delegacia para cuidar do caso. “Orientamos as pessoas a não fumarem, mas isso mostra como todos estão cansados dessa hipocrisia”, afirmou.
Durante a marcha, um grupo de pessoas fumava maconha, soltava fogos e gritava: “Olha, que vergonha, o busão está mais caro que a maconha.”
A programação do evento incluiu organização dos blocos de acordo com a proposta de uso da maconha: religioso, medicinal ou psicodélico. Também há grupos feminista, de esquerda, da Zona Sul, da Zona Leste, contra a internação compulsória.
*coletivodar.org
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