Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 24, 2014

"De minha parte, não tenho a menor dúvida de que quando o presidente Xi Jinping encerrar sua viagem no hemisfério, da mesma forma que o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, ambos os países estarão concluindo uma das maiores proezas da história humana", afirmou Castro.

Fidel afirma que China e Rússia liderarão “novo mundo” e critica cobertura dos Brics


Cubano afirma que liderança desses países permitirá a sobrevivência humana "se o imperialismo não causar uma criminosa e exterminadora guerra"
O ex-presidente de Cuba Fidel Castro, em artigo publicado nesta terça-feira (22/07) no jornal cubano Granma, opina que a Rússia e a China "estão convocadas" a liderar um "novo mundo" para a "sobrevivência humana" e ressalta a contribuição que essas potências podem dar ao desenvolvimento da América Latina.
Granma

Durante conversa com Putin foram lembrados os laços históricos entre ambos os países
Em um extenso artigo, Fidel expressa "pontos de vista pessoais" sobre diversos temas, como o recente fórum Brics no Brasil, o papel internacional da Rússia e da China e a viagem latino-americana dos presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping, este último desde ontem em visita a Cuba.
"Rússia e China, os dois países chamados a liderar um mundo novo que permitiria a sobrevivência humana se o imperialismo não causar antes uma criminosa e exterminadora guerra", asseverou o líder da revolução cubana, de 87 anos, que foi afastado do poder por uma grave doença intestinal em 2006.
Fidel afirmou que essas duas nações se inspiraram nas "utopias" de Marx e Lênin, e lembrou como a URSS, o bloco socialista, China e Coreia do Norte ajudaram Cuba a "resistir com provisões essenciais e armas, ao bloqueio econômico implacável dos Estados Unidos".
O ex-mandatário considerou que atualmente "a contribuição que a Rússia e China podem dar em ciência, tecnologia e desenvolvimento econômico da América do Sul e do Caribe é decisivo".
"Os grandes eventos da história não se forjam em um dia. Enormes provas e desafios de crescente complexidade se vislumbram no horizonte. Entre China e Venezuela foram assinados 38 acordos de cooperação. É hora de conhecer um pouco mais as realidades", escreveu.
No dia 11, Castro conversou durante uma hora sobre temas de política e economia com Putin, durante a visita de um dia que o presidente russo realizou a Cuba antes de assistir ao fórum Brics, integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, as grandes economias emergentes do mundo.

'Os EUA não têm moral', diz Cuba sobre acusação de tráfico de seres humanos

Putin se encontra com Fidel e critica embargo à Cuba

Por que os médicos cubanos assustam


Não se descarta que o líder cubano receba Xi Jinping hoje, que está na ilha para uma visita oficial de dois dias, como parte de um percurso que o levou também ao fórum Brics e à Argentina e Venezuela.
"De minha parte, não tenho a menor dúvida de que quando o presidente Xi Jinping encerrar sua viagem no hemisfério, da mesma forma que o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, ambos os países estarão concluindo uma das maiores proezas da história humana", afirmou Castro.
Ao elogiar a cúpula dos Brics, que aconteceu na semana passada em Fortaleza e em Brasília, o ex-governante criticou, no entanto, que não houve "um pouco mais de análise séria sobre a importância" dessa cúpula.
O líder cubano também comemorou a importância da declaração emitida pelo fórum, que a julgar pela imprensa, disse, "parece que se trata de mais um acordo entre os muitos que aparecem constantemente nos envios de matérias das principais agências ocidentais de imprensa".
O artigo de Fidel Castro de hoje é o segundo em menos de uma semana, já que na sexta-feira passada os veículos de imprensa cubanos divulgaram um texto do líder da revolução cubana intitulado "Provocação insólita", onde atribuía à Ucrânia a queda do avião da Malaysia Airlines.

Nenhum comentário:

Postar um comentário