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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 17, 2014

Documentos revelam fraude internacional para Globo sonegar impostos da Copa na TV

Autor: Fernando Brito

fraude
O Miguel do Rosário revela, em seu O Cafezinho, os detalhes do processo original que desapareceu da Receita Federal.
E que agora ressurgiu.
A transação tem ares de quadrilha internacional, simulando negócios para permitir que a operação verdadeira – a compra dos direitos de transmissão dos jogos da Copa de 2002 no Brasil escapasse dos impostos no Brasil, sem falar nas transações obscuras que podem estar envolvidas na própria cessão da Fifa da autorização de exclusividade do televisionamento do torneio.
Vou resumir a história como é narrada, com provas fartas, no processo “sumido”, que agora reaparece, embora eu duvide que o Ministério Público vá tomar qualquer atitude.
A Fifa entregou a International Sports Media and Marketing, um braço da conhecida ISL, que foi indiciada na Justiça suíça por fraudes efalsificação de documentos.
A ISMM vendeu, em 29 de junho de 1998, à TV Globo e a Globo Overseas, empresa da Globo na Holanda (leia a seguir), os direitos de transmissão daquela Copa em oito parcelas, a última a vencer em 2002.
Quem pagou foi a Globo Overseas, repito, sediada na Holanda, mas controlada integralmente pela Globinter, uma empresa de fachada, que funcionava numa caixa postal nas Antilhas Holandesas, paraíso fiscal no Caribe.
A Globinter, por sua vez, é controlada pela Globo Radio, empresa das Ilhas Cayman, adivinhe, um paraíso fiscal.
Pagou com dinheiro supostamente tomado de uma tal Power Company, com sede no Uruguai.  Que é, por sua vez, propriedade da holding  Globopar  (controladora) da TV Globo.
Não se perca, calma.
Aí a Globinter,  das Antilhas Holandesas, cria uma nova empresa, em outro paraíso fiscal, as Ilhas Virgens Britânicas, a Empire Investment Group, integralizando o capital com os direitos de transmissão da Copa.
Como a Globinter é dona da Globo Overseas, pôde passar os direitos à Empire.
A Globinter, então, “vende” a Empire à TV Globo ao Brasil e, com isso,  vão os direitos televisivos.
A Empire some do mapa.
E a Globo forma uma nova empresa no Brasil, a GEE Ltda, que tem como capital estes mesmos direitos.
Vende, então, 30% destes direitos, na forma de participação societária na GEE, para a Globosat, que controla seus canais de TV a cabo.
E a GEE também morre e seu espólio, a transmissão da Copa, finalmente fica, oficialmente, nas mãos da TV Globo e da Globosat (cabo).
Para que todo este transeté no molho do piqueretê de faz-desfaz-compra-vende de empresas?
Para remeter, à guisa de empréstimos, adiantamentos e compras decotas de capital nestas empresas de fachada os recursos com os quais se compraram estes direitos de transmissão da Copa.
Ou seja, para produzir uma fraude fiscal de R$ 615 milhões, na época, ou R$ 1,2 bilhão, hoje.
Mas, como o Brasil é um país iluminado, um belo dia uma escriturária da Receita Federal, sem mais nem porquê, volta de suas férias na repartição e rouba o processo contra a Globo.
Por nada, por nada, só porque lhe deu na telha.
E o nosso Ministério Público, nossa mídia e nosso Judiciário se satisfazem com essa explicação.
Só os blogueiros sujos, estes recalcados, não se conformam com essa conversa.
Veja aí embaixo os documentos.

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