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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 25, 2014

O governo LULA, por Ariano Suassuna


"O maior avanço político no Brasil ocorreu nos oito anos do governo Lula.

Você não sabe a humulhação que eu sentia pela dívida do Brasil ao FMI. Olha, o presidente brasileiro não tinha condições de escolher um ministro que não fosse aprovado pelo FMI. O FMI tinha o direito de vetar. Agora, o Brasil pagou a dívida e o FMI está devendo à gente. E Lula disse: 'Já pensou que coisa chique, o FMI está devendo ao Brasil.' Foi para o povo brasileiro recuperar a autoestima.

Lula baixou o número de pessoas que viviam na miséria. Ele baixou de 34% para 18%. Ele, Lula. E o percentual deve estar mais baixo ainda porque esses dados são do ano passado.

Eu morria de vergonha do governo Fernando Henrique. Bastava dar um chapéu de doutor para ele entregar tudo.

Eu votei no Lula em todas as vezes e não me arrependo. Escrevi, falei em comício, fiz o diabo. O que eu posso fazer eu faço. Eu não tenho poder político, nem econômico, nem nenhum outro, mas tenho uma língua afiada que só a peste, e ela está a serviço do meu país."
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Ariano Suassuna, em entrevista ao repórter Fernando Coelho, publicada no jornal Gazeta de Alagoas, edição impressa de 29/08/2010 (domingo), em resposta à pergunta abaixo:

"Recentemente o senhor esteve com o presidente Lula e a candidata à Presidência Dilma Rousseffnum evento de campanha em Garanhuns, terra natal de Lula, aliás. Como o senhor avalia seus oito anos de governo?

Foto: Ricardo Lêdo, em Gazeta de Alagoas
^BlogAndre

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