Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 30, 2014

Presidente do Brasil critica uso desproporcional da força por Israel e pede cessar-fogo

Dilma Rousseff, Brasil, Israel
Foto de arquivo

Em discurso nesta terça-feira (29) na reunião de cúpula do Mercosul, a presidente Dilma Rousseff voltou a criticar "o uso desproporcional da força" de Israel no conflito contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza e pediu um cessar-fogo "imediato, abrangente e permanente".

"Desde o princípio, o Brasil condenou o lançamento de foguetes e morteiros contra Israel e reconheceu o direito israelense de se defender. No entanto, é necessário ressaltar nossa mais veemente condenação ao uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças", afirmou Dilma.
A presidente novamente defendeu a criação de um Estado palestino como pré-condição para a paz entre israelenses e palestinos. Ela afirmou que o conflito "tem potencial para desestabilizar toda aquela região".
Um dia antes, na segunda (28), Dilma havia dito que considerava "um massacre" a ação israelense na Faixa de Gaza.
Os presidentes Nicolás Maduro (Venezuela) e Cristina Kirchner (Argentina) também criticaram duramente a ação de Israel em Gaza em seus discursos.
Logo após o final do encontro, o Mercosul divulgou um documento em tom semelhante ao discurso de Dilma, criticando o Exército israelense pelo uso desproporcional da força, assim como "qualquer tipo de ações civis violentas contra civis em Israel".
-- Folha Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário