BRICS se protege da arbitrariedade dos EUA e da Europa
Qual é a posição da Rússia relativamente aos mecanismos de funcionamento dessas novas estruturas? Em que áreas de trabalho se vai concentrar o Conselho Empresarial dos BRICS? Serguei Katyrin, presidente da Câmara de Comércio e Indústria da Rússia e presidente do Conselho Empresarial dos BRICS, falou sobre esses temas numa entrevista exclusiva à Voz da Rússia.
– Senhor Katyrin, em que consiste a posição da Rússia relativamente aos mecanismos de funcionamento do Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e do Pool de Reservas Cambiais?
– Quanto ao Novo Banco de Desenvolvimento nós chegámos a um acordo sobre o mecanismo de distribuição das cotas. A Rússia e os outros países-participantes irão começar por contribuir com 2 bilhões de dólares cada um. Esse será o capital realizado do banco. Haverá ainda 50 bilhões de dólares de capital distribuído e 100 bilhões em capital autorizado. Esses montantes deverão ser reunidos durante aproximadamente sete anos. A direção do banco será colegial. Seu órgão colegial máximo será o conselho de administração e seu órgão executivo – a direção. O presidente do banco será eleito por um período de cinco anos.
Na realidade, o Novo Banco de Desenvolvimento não estará apenas aberto aos países do grupo BRICS, mas também aos restantes países que são membros da ONU. Mas a participação dos países do BRICS no capital do banco não poderá ser inferior a 55%. A atividade do banco se destina ao financiamento dos projetos de infraestruturas nos territórios dos BRICS.
Agora, quanto ao Pool de Reservas Cambiais. A razão principal para a sua criação são as dificuldades em prever as decisões da Reserva Federal dos EUA e do Banco Central Europeu. Assim, para apoiar a moeda de um ou de outro país em momentos difíceis de oscilações, foi decidida a criação de um pool de reservas cambiais. Esses montantes não serão transferidos para lado nenhum. Os valores acordados estarão depositados nas contas dos bancos centrais e, em caso de necessidade, esse dinheiro estará disponível para o país que necessite usá-lo.
– Quais são as áreas de trabalho do Conselho Empresarial dos BRICS que lhe parecem ter mais futuro?
– Em geral, nós nos dedicamos de forma responsável a todas as áreas de trabalho, mas podemos sublinhar algumas prioridades. Em primeiro lugar, é a promoção dos projetos bilaterais já preparados, ou em desenvolvimento, no âmbito do grupo BRICS.
Em segundo lugar, são os apoios aos projetos multilaterais. É difícil desenvolver um projeto em que estejam interessados os cinco países, mas existem áreas em que todos os membros do BRICS têm pontos em comum. Elas podem ser a economia ambiental, as energias alternativas, as biotecnologias ou as nanotecnologias. Estas são precisamente as áreas que podem reunir os esforços dos empresários e dos cientistas. Penso que nessa direção nós teremos um grande caminho a percorrer.
Claro que cada país tem suas próprias prioridades, que tenta sublinhar neste tipo de encontros, como a futura cúpula a realizar no Brasil. Os sul-africanos, por exemplo, dão grande importância à indústria mineira. É precisamente essa a área da cooperação que eles tentam desenvolver. O Brasil está interessado nos projetos conjuntos na indústria automóvel e aeronáutica.
Sem dúvida que existem temas comuns a todos. Eles são sobretudo a área financeira, os projetos de infraestrutura e o desenvolvimento da área dos serviços. Mesmo assim cada país anfitrião da cúpula adiciona algo próprio à agenda do encontro. Desta vez a cúpula será realizada no Brasil. Iremos ver até que ponto os futuros debates serão interessantes e produtivos.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_07_11/BRICS-se-protege-da-arbitrariedade-dos-EUA-e-da-Europa-6069/
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