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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 25, 2014

Juíza do “Mensalão Tucano” manda investigar morte de modelo



Crédito : Reprodução
Após a aparição de novos documentos referentes ao “Mensalão Mineiro”, a Juíza Neide da Silva Martins e o Promotor João de Medeiro a abrir uma nova linha de investigações para analisar nova vertente criminal e apurar as circunstâncias da morte da modelo Cristiane Aparecida Ferreira, que podem ter ligação com o esquema criminoso montado para desviar dinheiro público arrecadado e distribuído entre integrantes do alto escalão da campanha de reeleição ao governo de Minas em 1998 de Eduardo Azeredo, no escândalo de corrupção conhecido como “Mensalão Mineiro”. A decisão é do dia 03 de outubro.
Os documentos apontam que a modelo atuou transportando valores milionários a serviço do esquema, além de ter recebido sem qualquer justificativa comercial, na época, a importância de R$ 1.800.000,00 de Walfrido dos Mares Guia. Para criminalistas que se dedicam ao caso, a morte de Cristiane não teria sido um crime passional em relação ao seu namorado e sim estaria jurada de morte por esposas de diversos figurões da sociedade mineira, pois teria se tornado perigosa para o esquema, já que conhecia toda a operação e mantinha relações com os principais operadores. 
Segundo um dos criminalistas que atua no caso, o assassinato da modelo realmente foi cometido por Reinaldo Pacífico conforme sua condenação, porém, provas e evidências demonstram que houve um ou mais mandantes e que a motivação para a morte da modelo era a queima de arquivo. O processo tramita em Belo Horizonte por decisão do Ministro Joaquim Barbosa e, diante das provas, a Juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte determinou a abertura de novo inquérito para apurar exclusivamente a participação de Cristiane no esquema. 
Operadores – Segundo os criminalistas envolvidos na investigação da morte da modelo, comprovadamente ela mantinha um caso amoroso com o presidente da Central Energética de Minas Gerais (Cemig) Dijalma Moraes, com o ex ministro Walfrido dos Mares Guia e com o ex governador Newton Cardoso, entre outros operadores do esquema. 
Com a abertura do novo inquérito deverá quebrar-se a resistência de alguns integrantes do Ministério Público que recusavam reabrir o caso da morte da modelo. O inquérito que apurou o crime ocorrido no San Francisco FLAT, um apart-hotel de luxo da capital mineira, transformou-se em ação penal com a condenação do despachante Reinaldo Pacifico, que até hoje continua solto sem qualquer explicação das diversas autoridades envolvidas. 
O crime – Cristiane foi assassinada em agosto de 2000 e, há quase três anos o teólogo e DETETIVE PARTICULAR Reynaldo Pacífico, acusado de matar a modelo nas dependências do San Francisco Flat, no centro de Belo Horizonte, foi condenado a 14 anos de reclusão em regime fechado e jamais foi detido. O crime ganhou repercussão nacional por envolver o nome de vários políticos de projeção, entre eles o ex-presidente Itamar Franco, o ex-secretário da Casa Civil de Minas, Henrique Hargreves, o ex-governador Newton Cardoso, o ex-ministro do Turismo do primeiro governo do presidente Lula, Walfrido dos Mares Guia e o presidente da Companhia Energética de Minas Gerais, Djalma Moraes. 
Em agosto de 2005, a ligação da morte da modelo com o escândalo do mensalão mineiro veio à tona, depois que uma agenda com o telefone e o endereço de uma das agências de propaganda do empresário Marcos Valério Souza ser apreendida. A morte dela ganhou repercussão nacional após policiais encontrarem anotações com contatos de várias autoridades do governo de Minas Gerais à época. A modelo Cristiane Aparecida Ferreira, além de envolvimento sexual com os políticos, teria se transformado também em agenciadora de garotas de programas e “mula” para o transporte de dinheiro proveniente do “mensalão”. 
Após o júri, um de seus parentes, que não quis se identificar, revelou que no dia em que ela foi morta ele recebeu um telefonema dela, dado de São Paulo, pedindo para ir se encontrar com ela que estava de posse de uma mala com um milhão de reais. Ele viajou a São Paulo, houve um desencontro, Cristiane veio para Belo Horizonte e acabou sendo morta. Com este novo documento mostra que Cristiane Aparecida Ferreira teria recebido quase R$ 2 milhões de políticos e empresários ligados ao mensalão, levantando ainda mais a hipótese de que ela estaria associada ao caso e de que o assassinato pode estar relacionado ao esquema. O documento teria sido entregue a família de Cristiane e deve ser investigado. 
As informações são do NovoJornal.

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