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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 27, 2014

Professor universitário explica por que Aécio representa o retrocesso

Em artigo, professor da UFSC enumera 13 pontos que causaram um “esfacelamento geral” nas instituições de ensino federais durante as gestões do PSDB. O docente relata que o governo de FHC não criou nenhuma universidade federal, além de sucatear as já existentes

aécio neves fhc
Aécio Neves e FHC. (Imagem: Wilson Pedrosa/Estadao)
As universidades federais nos oito anos de governo do PSDB, sob a gestão de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), foram sucateadas, de acordo com o professor do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Lauro Mattei. Em seu artigo, Mattei enumera 13 pontos que, segundo ele, causaram um “esfacelamento geral” nas instituições de ensino superior.
Entre os pontos citados, o professor destaca que durante o governo tucano não foi criada nenhuma universidade federal. Mattei ainda ressalta que por mais de cinco anos os salários dos docentes das instituições ficaram congelados, levando a perdas significativas para o conjunto da categoria.
“Ao longo dos oito anos do governo FHC não houve nenhuma expansão de vagas nas universidades públicas federais, fazendo com que a escala social de acesso ao ensino público e gratuito se verticalizasse cada vez mais”, denuncia.
Leia abaixo os 13 indicadores apontados por Lauro Mattei
Durante os governos FHC (1995-2002) as universidades federais brasileiras foram sucateadas e sofreram um esfacelamento geral. Vejamos alguns indicadores:
1)Contratação de novos professores: Durante 5 anos (1997-2001) foram proibidas quaisquer contratações de professores, ao mesmo tempo que mudanças nas leis sobre as IFES levaram a uma enorme quantidade de pedidos de aposentadorias precoces;
2)Vagas: ao longo dos 8 anos do governo FHC não houve nenhuma expansão de vagas nas universidades públicas federais, fazendo com que a escala social de acesso ao ensino público e gratuito se verticalizasse cada vez mais;
3)Novas universidades: a durante os 8 anos não foram criadas nenhuma nova universidade federal;
4)Novos campi: o número de campi federais praticamente se manteve inalterado ao longo dos 8 anos de governo FHC;
5)Orçamento: durante todo o governo FHC ocorreram cortes sequenciais de verbas orçamentários, tanto para infraestrutura como para as atividades de ensino, pesquisa e extensão;
6)Salários de professores: por mais de 5 anos os salários dos docentes das IFES ficaram congelados levando a perdas salariais significativas para o conjunto da categoria, obrigando a mesma a desencadear greves praticamente todos os anos do Governo FHC;
7)Programas de qualificação docente: restrição enorme de bolsas para programação de doutorado e de pós-doutorado visando qualificar melhor a mão-de-obra docente;
8)Bolsas aos estudantes de pós-graduação: restrição enorme de bolsas de estudos, mantendo-se, inclusive, os valores congelados por muitos anos;
9)Bolsas aos estudantes de graduação: restrição enorme de bolsas para estudantes de graduação, especial nas áreas de iniciação científica e de extensão;
10)Programa internacionais de intercâmbio para os estudantes de graduação: nenhuma ação para este segmento estudantil foi implementada ao longo de 8 anos. Ao contrário, até mesmo as poucas bolsas foram reduzidas.
11)Técnicos Administrativos em Educação: restrição sequencial de contratações de novos servidores com implicação negativa sobre o funcionamento das universidades;
12)Salários do TAEs: arrocho salarial durante todo período com perdas salariais ao longo dos dois mandatos do governo FHC;
13)Expansão do ensino superior privado: uma política clara de opção pelo ensino superior privado no país, inclusive com o ministro da Educação virando consultor das instituições privadas de ensino superior e do Banco Mundial.

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