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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 30, 2014

“Foi brincadeira”, diz homem que postou foto polêmica no Facebook

Na imagem, Renato Paschoal Fernandes aparece segurando um objeto semelhante a uma bala, junto a uma mensagem dirigida à presidente Dilma Rousseff; Exército confirmou que não é munição

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Renato Paschoal Fernandes
Renato Fernandes disse que não teve a intenção de ameaçar a presidente

Um oficial da reserva do Exército Brasileiro causou polêmica nas redes sociais ao postar uma foto usando uniforme e segurando um objeto semelhante a uma bala, acompanhado de uma mensagem dirigida à presidente Dilma Rousseff. "Dilma... Essa é pra vc... Eu estou pronto! Só esperando o toque da corneta", escreveu Renato Paschoal Fernandes, de 34 anos, em sua página pessoal no Facebook, que foi deletada assim que o caso ganhou repercussão.

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Nas redes sociais, usuários compartilharam capturas de tela com a foto e postaram mensagens dizendo que Fernandes seria tenente do Exército. Em alguns dos comentários, internautas sugeriam que ele fosse denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) por ameaçar a presidente.
Renato Fernandes conversou com a reportagem de O TEMPO e confirmou ter feito a postagem em sua página pessoal no dia 26 de outubro. Ele confirmou também que aparece na foto, tirada há alguns meses, segurando um chaveiro em forma de munição, mas negou ter tido a intenção de fazer qualquer tipo de ameaça à presidente Dilma Rousseff. “Meu Facebook era particular, eu posto muita coisa de brincadeira, nunca deu repercussão de nada. Obviamente, não foi uma coisa legal o que eu coloquei, é ambígua a foto, mas eu não sou terrorista, nunca fiz mal a ninguém”, explicou.
Ele disse que a mensagem e a foto foram publicadas num contexto de brincadeira entre amigos e que quando a postagem se espalhou pela internet, as pessoas entenderam errado. “Não sei mexer nessas coisas de privacidade. Essa foto, alguém pegou e publicou de maneira irresponsável. Eu queria me retratar perante as pessoas que confundiram essa mensagem”, disse.
Fernandes confirmou que nunca serviu o Exército efetivamente e que aparece usando o uniforme de uma associação de oficiais de reserva da qual fazia parte. Ele disse à reportagem de O TEMPO que procurou a polícia para registrar a ocorrência e está reunindo provas, já que após o incidente, ele e sua família sofreram ameaças. Fernandes também contratou um advogado para tomar providências sobre o caso. “É lógico que a intenção não foi essa (de ameaçar a presidente), foi uma coisa até boba, aumentaram muito a situação”, disse o homem, que atualmente estuda para prestar concursos. Ele acrescentou que não é filiado a nenhum partido político.
A reportagem de O TEMPO entrou em contato com a assessoria de comunicação do Exército, que informou que Renato Fernandes prestou serviço militar iniciante em 1998, quando fez o Curso de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) de Belo Horizonte, e nunca serviu efetivamente à corporação. Sobre o objeto que aparece nas mãos de Fernandes na foto, o Exército confirmou que não se trata de munição.
O Ministério Público Federal (MPF) confirmou que recebeu denúncias sobre a postagem e que todas elas serão investigadas.
*http://www.otempo.com.br/capa/política/foi-brincadeira-diz-homem-que-postou-foto-polêmica-no-facebook-1.939385

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