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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 23, 2014

Cuba está disposta a trabalhar com EUA contra o ebola, diz presidente



Por Théa Rodrigues do Vermelho

Raúl Castro, presidente de Cuba, afirmou nesta segunda-feira (20) que o ebola “constitui um imenso problema para a humanidade, que deve ser enfrentado com a mais absoluta urgência”. Ele inaugurou a reunião extraordinária com representantes da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), que acontece na capital Havana, para discutir a proliferação da doença e as formas de prevenção.

Segundo o chefe de Estado da ilha caribenha, “se requer ações da comunidade internacional em seu conjunto” para evitar a epidemia do ebola. Ao chamar atenção de todos sobre a responsabilidade em relação ao tema, Raúl Castro ressaltou que “pelas veias da Nossa América corre sangue africano, carregado por aqueles que lutaram pela independência e contribuíram para criar a riqueza de muitos de nossos países”.

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Em sua fala, ele mostrou preocupação com os inúmeros alertas sobre a insuficiência de recursos e falou sobre a necessidade de atuar “com urgência” para evitar uma crise humanitária de consequências imprevisíveis.

“Esta ameaça deve ser freada com uma resposta internacional imediata, eficaz e com recursos, de forma coordenada e com a liderança da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, disse Castro.

O mandatário propôs que através da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) se realize uma cooperação para contribuir à preparação de profissionais para serem enviados ao Haiti, prioritariamente.

O presidente ratificou ainda a disposição de Cuba para trabalhar em conjunto com todos, inclusive com os Estados Unidos – país que impõe um bloqueio econômico, comercial e financeiro contra a ilha caribenha desde 1962, mas que já confirmou dois casos da doença em seu território.

“Cuba está disposta a trabalhar lado a lado, com todos os países, incluindo os Estados Unidos”, declarou Raúl Castro perante os representantes da Alba.

De acordo com ele, “as modestas experiências do sistema de saúde cubano indicam que (para combater o vírus) é necessário uma vontade integradora, organização, planejamentos e articulação do trabalho não só assistencial, mas preventivo com grande disciplina em cumprimento dos protocolos médicos”.

O presidente finalizou sua intervenção lembrando ainda que 25 países da América Latina e Caribe contam com a presença de 45.952 colaboradores cubanos e, destes 23.158 são médicos. Além disso, segundo Castro, 23.944 médicos latino-americanos se formaram em universidades cubanas nos últimos 15 anos.

Com informações do Cuba Debate e da Prensa Latina.

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