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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 24, 2014

Nós, brasileiros, para sabermos como realmente pensa o candidato Aécio com relação ao petróleo e ao Pré-sal, temos que ir a um site estrangeiro para ler o recado que ele está mandando, através de seus assessores, para as empresas petrolíferas estrangeiras.

Bloomberg: Shell e Halliburton enxergam vitória com PSDB


por Paulo Metri*
Uma leitora do meu blog chamou minha atenção para o artigo “Shell to Halliburton Seen Winning With Brazil’s Neves”, que se encontra no site “Bloomberg News” e é assinado pelos repórteres Sabrina Valle e Juan Pablo Spinetto. A tradução deste artigo feita por Isabel Monteiro pode ser encontrada no endereço: http://jornalggn.com.br/noticia/o-pre-sal-na-mira-dos-apoiadores-de-aecio
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Nós, brasileiros, para sabermos como realmente pensa o candidato Aécio com relação ao petróleo e ao Pré-sal, temos que ir a um site estrangeiro para ler o recado que ele está mandando, através de seus assessores, para as empresas petrolíferas estrangeiras. A mídia brasileira poderia fazer o trabalho investigativo que os dois repórteres, autores da matéria, fizeram. Mas, Aécio não ganha nenhum voto com esta publicação no Brasil e, pelo contrário, deve perder alguns.
Um sumário da parte de interesse do artigo é o seguinte:
1. “Se Aécio Neves ganhar, ele vai abrir (o setor de petróleo) aos investidores estrangeiros”, disse Robbert van Batenburg, diretor de estratégia de mercado na corretora Newedge, dos Estados Unidos da América.
2. O candidato da oposição promete leiloar blocos de exploração com mais frequência, aumentar os preços dos combustíveis e liberar os requisitos de compras locais, ouvindo as recomendações da indústria.
3. Neves contratou um consultor da indústria e um funcionário envolvido nas privatizações na década de 1990, para redigir o seu programa de energia.
4. Ele também está pensando em mudar a legislação que obriga a Petrobras a manter um mínimo de 30 por cento de participação nos projetos do Pré-sal.
5. “Essas restrições às importações e barreiras comerciais (referindo-se às ‘compras locais’) não nos ajudam. Se ele ganhar, vai reverter todas as restrições “, disse também Batenburg.
6. Elena Landau, que aconselha Neves em matéria de energia e esteve envolvida nas privatizações de empresas públicas nos anos 1990, no governo de Fernando Henrique Cardoso, acha que a exigência da Petrobras ser a operadora em cada nova descoberta no Pré-sal deve ser revista para estimular a concorrência.
7. Landau complementou: “Quando você tem a Petrobras como operadora única, você está limitando a capacidade (de produção)”.
8. Lula e Dilma, sabendo que custaria centenas de bilhões de dólares para desenvolver a região do Pré-sal, ainda quiseram empresas estrangeiras para ajudar a captação de recursos financeiros, como sócios minoritários, sem entregar à eles o poder de definir orçamentos ou decidir onde perfurar.
9. “O monopólio do produtor estatal sobre o Pré-sal precisa ser revisto”, disse Adriano Pires, consultor e coautor do plano de petróleo de Aécio Neves.
Dilma prioriza as compras locais, pois através delas são gerados emprego e renda no país, além de ser uma forma de combater a desindustrialização. Dilma quer que a Petrobras seja a operadora única do Pré-sal, porque a operadora é quem decide, dentre outras coisas, onde comprar e, sendo a nossa empresa, muito será comprado no país.
Dilma não aumenta o preço dos derivados a qualquer aumento do barril no mercado internacional, primeiro porque não dependemos mais de óleo do exterior e, depois, porque ela se preocupa com o bolso do povo. Dilma não tem nenhum assessor “comprometido com a indústria (estrangeira)” e nenhuma assessora com “experiência nas privatizações”.
Foi dito por Landau, de forma indireta, que o objetivo é expandir a produção de petróleo ao máximo. O governo Dilma busca expandir a produção, respeitando a capacidade de participação da Petrobras e de expansão dos fornecedores nacionais.
Alguém tem alguma dúvida que os dois candidatos são bem diferentes com relação ao setor de petróleo?

Escrito por: Redação

*entrefatos

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