Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Marta propõe ir “além da solidariedade” com Maria do Rosário

Marta propõe ir “além da solidariedade” com Maria do Rosário




Senadora destaca que Bolsonaro é reincidente e o que aconteceu é retrocesso para o país

A senadora Marta Suplicy pautou e defendeu nesta quarta-feira (10) que a Comissão de Direitos Humanos do Senado adote uma postura para “além da solidariedade” em relação à deputada Maria do Rosário, ofendida pelo deputado Jair Bolsonaro, ontem, em sessão do Congresso Nacional. Bolsonaro disse que não “estupraria” a deputada porque “ela não merece”.
Para Marta, essa situação não pode “passar em branco”. “Tenho acompanhado dados de violência no meu estado, onde cresce muito, e no país. Há casos de estupros em festas, universidades e outras situações. Num caso como este não cabe apenas solidariedade. Temos de pensar e fazer algo concreto. Ele é reincidente. Não adiantam desculpas, que, aliás, ele não pediu”, argumentou Marta.
A senadora, ainda ontem, ajudou a colher assinaturas num manifesto ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, e conversou com Maria do Rosário. Marta contou que a deputada disse que “solidariedade não está resolvendo nada”. “Ela está certa! O que aconteceu aqui é retrocesso para o país e nos envergonha como nação.”
A senadora Ana Rita, que preside a Comissão de Direitos Humanos acolheu as ponderações da senadora Marta e afirmou que é um caso para o Congresso dar exemplo, evitando que isso se repita em outras casas legislativas do país.
Amanhã, quinta (11), a Comissão de Direitos Humanos receberá a deputada Maria do Rosário na entrega do relatório final da Comissão Nacional da Verdade. Será lida nota de apoio, mas também há a disposição de seguir adiante na proposta da senadora Marta.

Nenhum comentário:

Postar um comentário