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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 29, 2015

“Eu tenho pé de maconha em casa. Por que não me prendem?”

Gregório Duvivier: “Eu tenho pé de maconha em casa. Por que não me prendem?”


Gregório Duvivier: “Eu tenho pé de maconha em casa. Por que não me prendem?”

Em sua fala durante debate com o coletivo antiproibicionista “Quebrando o Tabu”, o humorista ironizou o fato de que há mais de um ano afirma que cultiva maconha em casa e que até agora a polícia não bateu em sua porta; “É porque sou branco, rico e moro no Rio de Janeiro (…) O crime no Brasil é ser pobre”. Assista
Por Redação
Foi realizado na última terça-feira (24), em São Paulo, o primeiro debate “Quebrando o Tabu”, do coletivo antiproibicionista que leva o mesmo nome. Divulgada a íntegra do vídeo da discussão, a fala de um dos participantes – o humorista e ator Gregório Duvivier – ganhou repercussão pela sinceridade e ironia. Em um dado momento, Duvivier assume que planta maconha em casa e ironiza o fato de a polícia até hoje não ter o prendido, tendo em vista que ele já havia tornado a informação pública em outras ocasiões.
“Eu tenho pé de maconha em casa. Eu falo isso todos os dias. Estou falando isso há um ano e estou esperando a polícia bater na minha casa e não bate. Inclusive, eu tenho dois pés de maconha já. Quem quiser e estiver no Rio, eu moro no Jardim Botânico”, confessou, explicando ainda, de forma bem humorada, que suas plantas são fruto de um cruzamento e que “dá uns camarões”.
Arrancando risadas dos presentes, o humorista continuou, explicando que não o prenderam até agora pois, no país, a criminalização que impera não é exatamente a da maconha, mas a da pobreza.
“A polícia não bate na minha casa. Já falei isso mil vezes. Por favor, me prendam. Não é proibido isso? Por que não me prendem? É porque sou branco, rico e moro no Rio de Janeiro (…) O debate é financeiro. Existe a criminalização da pobreza. Não é da maconha, não é do aborto. O crime no Brasil é ser pobre”, pontuou.
Além de Duvivier, participaram do debate ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado federal Jean Wyllys, o médico Drauzio Varella e o político e médico Eduardo Jorge.
Assista abaixo o trecho do debate em que o humorista faz a declaração:

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