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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 07, 2015

Toda a humanidade está seguindo o morto.


Minha abordagem para seu crescimento é basicamente para lhe tornar independente de mim. Qualquer tipo de dependência é escravidão, e a dependência espiritual é a pior escravidão de todas. Eu tenho feito muito esforço para lhe tornar ciente de sua individualidade, de sua liberdade, de sua capacidade absoluta de crescer sem qualquer ajuda de ninguém. Seu crescimento é algo intrínseco ao seu ser. Isso não procede de fora; não é uma imposição, é uma revelação.
Todas as técnicas de meditação que tenho dado a vocês não dependem de mim – minha presença ou ausência não irá fazer nenhuma diferença – elas dependem de vocês. Não é minha presença mas vossa presença que é necessária para que estas funcionem. Não é meu estar aqui, porém, vosso estar aqui, vosso estar no presente, vosso estar alerta e cônscios que irá ajudar.
Todo o passado do homem é, de maneiras diferentes, uma história de exploração. E mesmo as assim chamadas pessoas espirituais não puderam resistir a tentação de explorar. De centenas de mestres, noventa e nove por cento tentaram impor a ideia de que, “Sem mim você não pode crescer, nenhum progresso é possível. Passe para mim toda sua responsabilidade”. Mas no momento que você dá toda sua responsabilidade para alguém, desapercebidamente você também está dando toda sua liberdade.
E naturalmente, todos esses mestres tiveram que morrer um dia, mas eles deixaram longas filas de escravos: Cristãos, Judeus, Hindus, Maometanos. O que são essas pessoas? Porque alguém deve ser um Cristão? Se você pode ser alguém, seja um Cristo, nunca um Cristão. Está você completamente cego a humilhação de quando você chama a si mesmo de um Cristão, um seguidor de alguém que morreu a dois mil anos atrás?
Toda a humanidade está seguindo o morto. Não é esquisito que o vivo deva seguir o morto, que o vivo deva ser dominado pelo morto, que o vivo deva depender do morto e das promessas deles de que ‘Nós viremos para salvar vocês?’
Nenhum deles veio para salvar vocês. De fato, ninguém pode salvar ninguém mais; isso vai de encontro a verdade fundamental da liberdade e individualidade."
(Osho)

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