Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, novembro 30, 2015

O CRIMINOSO CARTEL INTERNACIONAL DO CÃMBIO

O ESCÂNDALO DO SÉCULO!: O CRIMINOSO CARTEL INTERNACIONAL DO CÃMBIO


A onda de desestabilização política, a sabotagem à governabilidade seguido da tentativa de engessamento ou paralisação do poder executivo no Brasil, é um golpe fértil que favorece através de desvalorização artificial do câmbio, um universo de especuladores e manipuladores oportunistas nacionais internacionais, que se beneficiam financeiramente com a baderna calculada.  


Um escândalo de proporções internacionais coloca frente a frente o CADE (Conselho Administrativo de Direito Econômico) e o Banco Central, em torno de um cartel internacional especializado em manipular cotações de moedas.
O caso foi descoberto nos Estados Unidos e envolve grandes bancos internacionais com atuação no 
mercado brasileiro.
 
Por volta de julho passado, os primeiros acusados assinaram um acordo de leniência com autoridades 
norte-americanas. Trinta dias após as autoridades norte-americanas anunciarem os acordos, foi 
assinado o acordo de leniência com o primeiro banco disposto a receber os benefícios da delação 
premiada.
Como o cartel atuava em âmbito internacional, é comum que as empresas negociem 
concomitantemente acordos de leniência com as autoridades de cada país onde se deu o crime.
No Brasil, só a primeira empresa a aderir tem os benefícios integrais do acordo - caso entregue 
informações relevantes sobre a atuação do cartel. Quem vier depois, terá direito apenas à redução de 
multas, no caso de apresentarem provas consistentes sobre as operações.
***
Feito o acordo, juntaram-se os especialistas do CADE e do Bacen para apurar a natureza do crime.
Os dados levantados até agora dizem respeito à conduta praticada lá fora, nos chamados mercados 
offshore, tanto à vista como nos mercados futuros. Mas há indícios eloquentes de prejuízos a clientes 
brasileiros.
***
Os indícios iniciais apontam que havia conluio tanto para fixar spreads (a parcela do banco em cada 
operação) quanto manipular índices de referência - fundamentalmente o índice Reuters, o do Banco 
Central Europeu e a nossa PTAX (o dólar de referência para as operações de mercado). Investiga-se 
se essas manipulações responderam pela apreciação artificial do real no mercado de câmbio.
Se comprovada, abre espaço para ações gigantescas de indenização. Mas, por enquanto, não existem 
evidências a esse respeito.
Em relação à PTAX, o BC diz que seria difícil manipular o índice internamente, já que ele se baseia 
em consulta a um universo maior de operadores. Mas apenas as investigações dirão.
***
O cartel atuava com clientes de várias nacionalidades, incluindo brasileiros - o que justifica a entrada 
do CADE e do BC nas investigações. Dificultava a entrada de novos participantes e a soma das 
operações dos seus bancos era majoritária nos mercados internacionais.
Causa espécie que o BC jamais tenha identificado esses prejuízos, mostrando que o consumidor – 
Pessoa Física ou mesmo grandes Pessoas Jurídicas – jamais esteve no centro de sua atuação.
***
O episódio reacendeu uma velha disputa de competência entre CADE e BC. Cabe ao CADE analisar 
tudo o que se relacione com condutas anticompetitivas, principalmente nas operações de fusão e 
incorporação. O BC não concordava e, pelos idos de 2009, houve um acordo em torno de um Projeto 
de Lei definindo o papel de cada um: inicialmente, o BC analisaria o impacto de fusões e 
incorporações sobre o mercado bancário; aprovando a operação, caberia ao CADE analisar as 
implicações sobre a concorrência
Foi só surgir o caso do cartel do câmbio, para Alexandre Tombini se mover rapidamente, 
pretendendo que a presidente Dilma Rousseff assine uma Medida Provisória afastando totalmente o 
CADE da qualquer análise sobre o sistema financeiro, inclusive sobre práticas anticoncorrenciais.
Como uma agência capturada pelo sistema financeiro, em que pese a qualidade da supervisão 
bancária, não seria prudente conferir ao Bacen o monopólio da fiscalização de práticas do sistema 
financeiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário