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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 27, 2015

“Movimento de escolas ocupadas convoca manifestação para amanhã” e mais 1 atualizações

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18nov2015---a-ee-joao-kopke-segue-ocupada-nesta-quarta-alunos-entraram-na-escola-na-ultima-terca-1447856900546_615x300Uma grande manifestação com concentração prevista para amanhã (26) as 13 horas na Avenida Paulista foi convocada por estudantes de diversas escolas ocupadas de São Paulo. Até o momento, quase 200 escolas estão ocupadas em todo o estado, exigindo que o governador Geraldo Alckmin volte atrás na medida fechar escolas públicas no ano que vem.
Abaixo, reproduzimos a carta dos estudantes das escolas ocupadas:
Carta dos estudantes das escolas ocupadas de São Paulo
Nós, estudantes sem medo de São Paulo, estamos fazendo uma mobilização histórica em defesa da educação. Desde que foi anunciada a (des)organização escolar pelo governador Geraldo Alckmin, fizemos várias manifestações e protestos. Diante da falta de esclarecimentos do governo do estado, buscamos o diálogo e apresentamos argumentos. Cansados de não ser ouvidos, partimos para outra iniciativa: a ocupação das escolas. Em poucos dias, mesmo com as ameaças de repressão policial, nossas ocupações cresceram como nunca, e hoje já somos mais de 90 escolas ocupadas em todo Estado.
Nosso recado é claro: queremos barrar a reorganização escolar proposta pelo governo! Na negociação que aconteceu no dia 19/11, mais uma vez o secretário de educação, Hermann, foi intransigente e não se dispôs a revogar o plano. A proposta apresentada de suspensão temporária da (des)organização por apenas dez dias mostra que o governo do estado continua sem disposição de diálogo com a comunidade. Ao mesmo tempo, pela primeira vez, o secretário admitiu o que sempre foi óbvio: a reorganização é um projeto imposto antidemocraticamente pelo governo sobre os estudantes e suas famílias, sem nenhuma discussão prévia, um projeto que não visa à melhoria da educação, mas sim fechar escolas e tornar as que continuarão abertas ainda mais superlotadas e insuportáveis. Os filhos e netos de Alckmin e Hermann não estudam em escolas públicas e para eles educação nunca foi prioridade! O mesmo governo que fecha escolas e corta da educação é o que abre presídios e criminaliza a juventude da periferia, fazendo com que o povo pague pela atual crise. É por isso que ocupamos. As escolas são nossas e não podem ser fechadas nem reorganizadas!
Exigimos a revogação imediata da reorganização escolar de Alckmin. Não admitimos que nenhuma escola seja fechada. Não admitimos que nenhuma escola seja dividida. Não admitimos que nenhum professor seja demitido e que nenhuma escola seja (ainda mais) superlotada. Não admitimos, também, que qualquer estudante seja perseguido politicamente ou punido por se mobilizar democraticamente.
Todas nossas ocupações são exemplos de espaços democráticos, politizados e organizados. Sem medo de errar dizemos: cuidamos das escolas até muito melhor do que o governo! Convocamos a que todas as escolas de São Paulo se tornem escolas de luta! Ocupe também sua escola até que tenhamos a garantia de que a reorganização, prevista para se iniciar em 2016, será revogada.
Da Redação, São Paulo

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