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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, outubro 04, 2010

Primeiro turno: o poder pedagógico do erro

2º turno: Dilma larga com 47 milhões de votos. Serra com 32,9

O resultado da eleição foi segundo turno. Agora não adianta reclamar do jogo jogado. Adianta fazer mais e melhor e ganhar o segundo turno, para evitar o retrocesso que significa José Serra.

Se a maioria do eleitorado quis segundo turno, temos que respeitar a vontade do povo brasileiro, e acabar de fazer o que ficou faltando: esclarecer o que não foi esclarecido.

É hora de desintoxicar o veneno dos boatos mentirosos. Dilma e Lula sempre respeitaram, ouviram, dialogaram e negociaram com movimentos sociais, buscando consensos. Com movimentos sociais religiosos, é a mesma coisa.

É hora de impor uma campanha mais política, com mais confronto dos dois projetos nacionais que estão em jogo, e dar um contundente não às baixarias, dando respostas à altura.

De saldo positivo no primeiro turno fica:

Dilma teve mais de 47 milhões de votos (mais do que os 46,6 milhões que Lula teve no 1º turno de 2006, apesar do eleitorado ser menor naquele ano).

Serra teve 32,9 milhões de votos (bem menos do que os 40 milhões que Alckmin teve no primeiro turno, apesar do eleitorado ser maior nesse ano).

Marina conseguiu uma excelente votação, de quase 20 milhões de votos. Bem acima das expectativas. Em termos de votação está de parabéns. Em termos políticos ainda é preciso decifrar o significado dessa vitória, e saber como ela própria vai posicionar politicamente.




Óbvio que não é o que a gente queria, mas convenhamos que todos sabiam que precisavam estar preparados
*amigosdoPresidenteLula

Primeiro turno: o poder pedagógico do erro


Mauro Carrara
Em Abril, vários canais da chamada blogosfera publicaram texto de minha autoria denominado "E Dilma vai virando outra Marta".
Naquela ocasião, tratei da fábrica de "hoaxes" graeffista. Contei que a dona da quitanda, aqui perto de casa, já havia recebido e-mail que apontava Dilma Rousseff como "assaltante de bancos" e "prostituta de guerrilheiros".
Na época, a oposição já trabalhava para colar tudo que há de ruim à imagem da candidata petista.
Repetia-se o rito difamatório que havia arranhado gravemente a reputação de Marta Suplicy, e que lhe tirara a oportunidade de recuperar a prefeitura paulistana.
Em abril, percebia-se um padrão de erro nas ações estratégicas de comunicação do PT e de seus aliados.
Citei a ausência de canais de informação multitemáticos de esquerda, o alcance limitado e a dinâmica circular da "blogosfera lulista", o receio petista da mídia centralizadora e a ausência de uma ação estratégica de combate aos canais virtuais de difusão de calúnias.
Quando a campanha engatou, Dilma foi catapultada ao primeiro lugar por conta da popularidade de Lula e dos feitos espetaculares de seu governo.
A candidata parecia caminhar para uma vitória fácil no primeiro turno. E logo os comunicadores vermelhos calçaram sapatos femininos de salto agulha, altíssimos e envernizados.
Chegou, então, o Setembro de Fogo, e a artilharia oposicionista passou a assestar outros canhões contra a candidata.
Durante quatro semanas, milhões e milhões de e-mails foram enviados para os brasileiros conectados à Internet.
Outras peças caluniosas acabaram incorporadas ao Youtube, a blogs, listas de discussão e tópicos de comunidades de relacionamento.
Dilma foi pintada como "assaltante de bancos", "terrorista", "assassina", "incompetente", "autoritária" e "inimiga da fé".
Semanas atrás, tentei, sem sucesso, disseminar um artigo com informações detalhadas sobre a campanha difamatória promovida por padres, pastores e obreiros de linha conservadora.
Naquela data, a frase "nem Cristo me tira essa vitória", atribuída falsamente a Dilma, aparecia em nada menos que 120 mil documentos localizados pelo Google.
Até mesmo sessões de "cinema político-religioso" foram realizadas para instigar nos fiéis o ódio pela candidata governista.
Esse trabalho de envenenamento de corações e mentes foi intensificado após o Caso Erenice, exposto com estardalhaço pela mídia monopolista.
Esperava-se, portanto, que o tempo de propaganda na TV e no Rádio fosse utilizado, pelo menos em parte, para esclarecer os eleitores sobre essas questões.
O que se indagava na ruas era: "será verdade?"
Os comunicadores do PT, no entanto, preferiram apostar no silêncio, crentes em uma inevitável vitória na primeira rodada.
Por soberba ou por conta de avaliações técnicas equivocadas do jogo eleitoral, esses profissionais desperdiçaram os últimos programas do horário gratuito.
Na TV e no rádio, pareceram pasteurizados, indistintos, produzidos em outro planeta, descolados da realidade da eleição.
Ao perceber (tardiamente) o estrago promovido nas igrejas, o PT promoveu às pressas um encontro entre Dilma e líderes religiosos progressistas.
No entanto, deu mínima visibilidade ao evento (fiando-se talvez no poder difusor da mídia monopolista) e não foi capaz de esclarecer e acalmar os fiéis.
No 3 de Outubro, muitos foram às urnas convencidos de que Dilma era o próprio "anticristo", sedenta por perseguir sacerdotes, proibir símbolos religiosos e impor restrições aos programas evangélicos.
No comando da campanha, confunde-se com frequência a chamada "agenda positiva" com "autismo". Em muitos momentos, as inquietações do eleitor foram solenemente ignoradas.
Alertado por amigos, naveguei pela comunidade "Apoiamos Lula, agora é Dilma" (120 mil membros), na rede de relacionamentos Orkut.
Ali, um certo moderador X3 criou, em 22 de Setembro, um tópico no mínimo curioso. Ao título "Atenção Militantes! É guerra!" agregou a ordem "mas é guerra de silêncio".
Assegurando ter recebido "orientações", instruiu os membros a não responder a ataques nas outras comunidades orkutianas. "Pratique solenemente o menosprezo", ensinou X3.
Já se sabe qual foi o resultado dessa estratégia. Dilma perdeu inúmeros votos entre os cristãos, sobretudo os evangélicos, e teve sua imagem gravemente corroída entre milhões de jovens que atuam nas redes sociais.
O primeiro turno terminou assim, de forma rápida, bruta e dolorosa. E só tem algum valor se constituir um exemplo pedagógico.
Agora, cabe comparar, sim, um governo contra o outro. E beliscar quem não se lembra dos anos finais da gestão FHC, marcados por apagão, desemprego, centralização econômica e desesperança.
Urge igualmente ao PT e seus aliados combater vigorosamente os boateiros profissionais e amadores.
Diante de ataques dessa natureza, é preciso oferecer imediatamente a outra versão dos fatos.
Um partido de massas não pode ser furtar à tarefa de esclarecer, sempre com a redundância e o didatismo exigidos na lida com as multidões.
E esta ação deve mobilizar a candidata, os responsáveis pela propaganda oficial e aqueles ainda concebidos como "militantes".
Começa agora. Não começou? Já é tempo perdido.


De Volta à Luta

Afinal, Para Nós As Coisas Nunca São Fáceis


Em 1989 parecia que ia dar, mas a GROBO meteu a colher suja na fervura e desandou o caldo,  deu Collor e o  Brasil perdeu, muito,  com a interferência indevida.
Em 1994 tinha o real e a ilusão de que FHgá o criara, ilusão essa alimentada pela GROBO e a mídia comercial.
Em 1998 não tinha real, que se esfarelava contra outras moedas do mundo, parte da 'estratégia' entreguista de FHgá, que gastava milhões de dolares por dia pra manter o câmbio estável,  artificialmente, enquanto as reservas se deteerioravam a ponto de ficarem piores que durante os 5 anos de Sarney.Mas a GROBO deu aqueqla forcinha suja,  esqueceu a corrupção rompante, os engavetamentos de denuncias e foi o que se viu. Dias depois da posse ele meteu o punhal nas costas do país (e da GROBO) com a maxi desvalorização do real (que prejudica a GROBO até hoje).
Em 2002 a GROBO, ainda comandada por Roberto Marinho, violentamente prejudicada pela política cambial de FHgá, resolveu deixar o jogo correr solto, sem muita interferência. Lula até foi recebido em seu sarcófago na pirâmide do Cosme Velho pra receber o alvará.
Em 2006 volta a GROBO a mexer no caldeirão com a colher emporcalhada, deu segundo turno mas Alckmim amargou o mico de ter no segundo turno menos votos que no primeiro.
Agora temos só mais uma batalha, e lembrem-se aqueles que acham que os 20% de votos da Marina sejam dela ou do PV, são votos sem dono. Muitos vieram da Dilma depois do circo de sujeiras inventadas pra influir na cabeça do povo, muitos vieram do ssERRA pelo mesmo motivo, gente cansada da baixaria tucana mas que não quis votar em Dilma.
Agora o quadro que se desenha é o seguinte, temos que conquistar alguns milhões de votos. Quem votou em Plínio, dificilmente votará em ssERRA, quem migrou de ssERRA para Marina por conta da podridão e baixaria tucana, tende a votar em Dilma, não nos esquecendo que a rejeição a ssERRA está acima de 35%.
Enfim a batalha continua, não é uma luta de boxe, não há nocaute, é mais um jogo de xadrez onde o cheque do pastor (cheque mate em pouquíssimas jogadas) falhou, mas no processo várias peças sairam do tabuleiro, Tasso, Maciel, Virgílio, Cesar Maia e vários outros DEMos e Tukanus viraram esterco para fertilizar um futuro melhor, que com certeza virá coma vitória final!

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