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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, outubro 19, 2010





Pra quem acha que privatização é conversa…

Como eu completei 32 anos semana passada, de vez em quando me dou conta que, pro pessoal que está votando pela primeira vez, eu já sou quase um “coroa”. E sei que pra muita gente que saiu da adolescência já nos oito anos do Governo Lula, certas coisas aqui são encaradas como “ouvi dizer”, queria mostrar que esta história de privatização da Petrobras não é “conversa fiada” da gente.
Por isso, fui buscar a matéria publicada pela Folha de S. Paulo, no dia 27 de dezembro de 2000 (assinantes podem acessar aqui) que reproduz o anúncio da mudança de nome da Petrobras para PetroBrax
Reparem que a mudança de nome ia custar R$  213 milhões  ( US$ 50 milhões  de dólares da época, corrigidos pelo IGP-M). Ia, mas acabou custando R$ 1,57 milhões, pagos sem licitação à empresa Und Comunicação Visual.
Gostaria que ninguém deixasse de atentar que o presidente da empresa, na ocasião do anúncio da mudança, diz que a iniciativa tinha “o aval do presidente Fernando Henrique Cardoso”.
A grita dos brasileiros foi geral e o Governo teve de recuar. Mas a mudança valeu tempo suficiente para a própria Folha, dois dias depois, falar do patrocínio de uma peça estrelada pela (magnífica) atriz Fernanda Montenegro, referia-se ao patrocinador como “PetroBrax”.
Eu gostaria que a campanha da Dilma, para ajudar as pessoas que são incrédulas, conseguisse os exemplares do jornal em papel. Serviria não só para provar que a dupla Serra-FHC estava matando a maior empresa brasileira como, também para enrolar e matar, com uma boa jornalada, a mosca-azul que está pousando na cabeça desta gente.
*Tijolaço

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