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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, outubro 21, 2010

E nós trocámos a nossa liberdade por um prato de lentilhas, é o Mercantilismo o Estado minimo, neo liberalismo

E nós trocámos a nossa liberdade por um prato de lentilhas 

 





 Tal situação já foi vivenciada por nós. E, não faz muito tempo, quando éramos totalmente


submissos ao FMI – o representante máximo da canalha bancária. O FMI reinava aqui através de seus vassalos tucanos, que quase nos venderam de papel passado.
Não há como desconectar a matéria do Max do nosso momento eleitoral. Aiatolá Zé Serra representa exatamente o exemplo do que está ocorrendo no continente europeu, ou seja, o divórcio Estado-povo  e a capitulação incondicional do Estado à canalha bancária ou, se quiserem, ao capital financeiro internacional.
A hora é grave e não cabe retrocesso.
Reflitam sobre este indesejável retrato do nosso futuro.
Por Max
“O social é a vitima sacrifical: e com a ajuda dos investidores estrangeiros, que individuam e castigam os Países mais relutantes, e dos media coniventes, que apresentam uma verdade pré-confeccionada, são implementadas medidas impensáveis até bem poucos anos”.
Não é fácil explicar a situação na Europa a quem Europeu não é.
Um continente pequeno, dividido ao longo dos séculos em muitos Estados com tradições e idiomas diferentes. Depois, a partir da década dos anos '50, um longo processo para unificar o território. E finalmente, em 1992, a realização daquilo que parecia um sonho: uma Europa Unida, e desde 2002 até uma moeda única, o Euro.
18 anos mais tarde o sonho tornou-se um pesadelo. Que aconteceu?
Aconteceu que a crise despoletada em 2008 nos Estados Unidos, com a questão dos subprimes, atingiu o Velho Continente e acabou por realçar aspectos que até então tinham permanecido “indefinidos”. Estavam lá, mas ninguém quis vê-los.
As manifestações destas últimas semanas não são episódios isolados, mas são a natural reacção de cidadãos que se sentem traídos. Afinal quem manda na Europa? O Parlamento Europeu, com os deputados eleitos pelos povos?
Infelizmente não. E se dúvidas existirem é só ouvir as recentes declarações do Presidente da União, Durão Barroso: o tema é único, a economia, com os assuntos obsessivos do deficit e das dívidas públicas.
Sim, é verdade: há Países com situações orçamentais complicadas.
Mas há também milhões de desempregados, reformados cujas pensões ficarão ainda mais escassas, cidadãos em risco de perder a casa, o trabalho e a dignidade. Para eles, só palavras de circunstância, pois as atenções são todas para as finanças estatais.
O dinheiro. É essa a chave.
Quem manda na Europa não são os deputados, não é o presidente Barroso: quem manda é o BCE, o Banco Central Europeu.
Banco Central Europeu: com um nome assim deveria ser clara a ligação com a União Europeia. E não poucos pensam que afinal sejam duas faces da mesma moeda. Mas assim não é.
O BCE é uma instituição independente, governada pelos bancos centrais das grandes Nações Europeias. E não é difícil descobrir quem manda nos vários bancos centrais: são os grandes bancos privados. Como num jogo de caixas chinesas, grandes bancos privados mandam em grandes bancos centrais que mandam no banco europeu. O BCE, de facto, está nas mãos dos privados. E o BCE não toma ordens da União: é exactamente o contrário.
E de repente tudo se torna claro.
A política da União reflecte a vontade dos grandes capitais, das grandes famílias.
Ano após ano, os vários governos nacionais perderam a capacidade de decidir e, consequentemente, os Países perderam a soberania económica em favor de Bruxelas.
Mas não pode existir verdadeira independência sem poder gerir a própria economia.
Por isso, tal como os deputados no Parlamento europeu, os políticos “locais”, alinhados ou não, nada mais podem fazer a não ser desenvolver um papel onde tudo está já decidido.
Os resultados são evidentes: tal como acontece com as palavras de Barroso, também as politicas nacionais têm como único objectivo o orçamento estatal. Por isso as medidas são draconianas, atropelam os direitos dos cidadãos, levam as pessoas ao desespero, empobrecem um inteiro continente.
O social é a vitima sacrifical: e com a ajuda dos investidores estrangeiros, que individuam e castigam os Países mais relutantes, e dos media coniventes, que apresentam uma verdade pré-confeccionada, são implementadas medidas impensáveis até bem poucos anos.
As manifestações da Grécia, da Islândia, da Bélgica, da França, da Roménia, da Espanha e, em breve, de Portugal são o sinal do sentimento de revolta dos Europeus.
Não era este o desejo, não é esta a Europa dos ricos que ajudam os pobres. Esta é a Europa dos ricos que ajudam os bancos e vice-versa.
O sonho europeu afinal não passou duma mentira.
E nós trocámos a nossa liberdade por um prato de lentilhas.
Os bancos agradecem.



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