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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 19, 2011

Comunidade árabe de Foz organiza ato de repúdio à revista Veja

 



Via Cebrapaz
A cidade paranaense de Foz do Iguaçu realizou, na noite de domingo (17), na sede da Sociedade Beneficente Islâmica, um amplo ato de repúdio contra a revista Veja, pelas acusações de suposto envolvimento da comunidade árabe da tríplice fronteira com o terrorismo. A cerimônia reuniu mais de 800 pessoas e contou com a participação do deputado federal, Protógenes Queiroz (PCdoB). Para o vereador da cidade, Nilton Bobato (PCdoB), “não é uma revista medíocre que vai abalar nossa relação (com a comunidade árabe), pelo contrário, nos une cada vez mais e nos fortalece para levantar esta bandeira da cultura da paz”, disse.
O ato que contou com a presença do vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PCdoB), do Xeque sunita Mohsin Al Husseini, do Xeque xiita Mohamed Khalil, e do militante e jornalista Aloizio Palmar, foi marcado por discursos que tiveram a tônica de resistência contra a opressão e perseguição promovida por grupos dominantes e imperialistas.
As ações de repúdio às acusações reiteradas da revista Veja em sua penúltima edição (3/4), sobre o envolvimento da comunidade árabe da tríplice fronteira com o terrorismo, repercutiram com uma dimensão incalculável em Foz do Iguaçu, onde vozes importantes, como a do deputado federal Protógenes Queiroz se somaram às manifestações contra as informações consideradas difamatórias e discriminatórias promovidas pela revista.
Protógenes foi convidado pela comunidade árabe de Foz do Iguaçu, após ter feito o pronunciamento no Congresso Nacional em defesa da comunidade árabe e em repúdio à matéria da Veja. Para o deputado, “este tipo de matéria não é feita de graça ou por diletantismo, mas patrocinada com o mesmo dinheiro usado para manter interesses espúrios”.
Protógenes, que já coordenou o escritório de Investigação da Codesul em Foz do Iguaçu, refuta as acusações de terrorismo na fronteira e afirma que a revista é quem pratica o terror contra os povos em favor de interesses imperialistas. “O Brasil abriga terroristas sim, mas não são os árabes; o terrorismo que existe em Foz é produzido pelos repórteres da Veja, patrocinados para escrever a matéria”, disse.
O deputado citou que cifras milionárias são utilizadas pelos Estados Unidos para financiar veículos de comunicação e implantar o terrorismo contra os povos árabes.
O vice-prefeito Chico Brasileiro também vinculou a chamada “fabricação” da matéria aos interesses dos grupos econômicos aliados ao interesses imperialistas, e situou na história o compromisso da editora Abril, que edita a Veja, com as elites entreguistas do país. “A primeira edição da revista Veja foi em 11 de setembro de 1968, a capa da revista, nesta primeira edição, foi justamente para defender a ditadura militar implantada na época, e para dizer que o Brasil vivia uma ameaça terrorista comunista. Esta foi a primeira edição e demonstra que de 11 de setembro de 1968 para abril de 2011, ela não mudou em nada, ela continua sendo o mesmo agente do imperialismo e do terrorismo internacional”, disse Brasileiro.

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