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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, abril 05, 2011

O dia que durou 21 anos. No ar, mas não na net



Posto aí em cima um trailler do documentário “O dia que durou 21 anos”  dirigido por Camilo Tavares, filho e parceiro do jornalista Flávio Tavares, companheiro de meu avô na resistência à ditadura.
O primeiro episódio – de três – foi ao ar ontem e, nas próximas segundas-feiras, a série será completada.
No primeiro episódio, que só assisti pelo trailler, dá para ver em documentos americanos como a ação dos golpistas foi apoiada e financiada pelos EUA.
Você pode ler aqui, no site da TV Brasil, uma matéria completa sobre o documentário.
E eu lamento que a emissora pública, tendo produzido um documento tão importante sobre a história brasileira, ainda não tenha colocado – ao menos o episódio já exibido – disponível na internet.
Até porque daqui a pouco alguém que gravou o coloca  na rede.
Como nós vamos colocar, todos os domingos, uma linda série de documentários produzidos pela TV pública da Argentina sobre os presidentes latinoamericanos. Um trabalho muitíssimo bem realizado, que deve ser assistido por cada pessoa que se preocupe com o nosso continente.
*Tijolaço

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