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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 02, 2011

Genial: Kassab cria o urbanismo dos “sem-garagem”

Que as grandes cidades brasileiras não podem continuar a ser “escravas” do automóvel e precisam investir no transporte coletivo é, como diria Nélson Rodrigues, o óbvio ululante.
Mas em lugar de melhorar o transporte de massa, será que isso vai ser conseguido tirando a garagem dos projetos de prédios para a população de baixa renda?
Ontem, a Folha publicou que a prefeitura de São Paulo decidiu que os novos conjuntos da Cohab serão construídos sem vagas de garagem.
Logo, os carros irão para as ruas. Ou os moradores acabarão por fazer “puxadinhos” e telheiros para os carros que, afinal, podem comprar.
Nas áreas de classe média e alta, nem pensar em proibir as garagens, claro.
A desculpa é que, sem garagem para guardar o carro, os mais pobres vão optar pelo transporte coletivo e pela bicicleta.
Ou, quem sabe, comprar um carro de Formula Indy. Assim conseguem uma via expressa para se livrar dos congestionamentos.
*tijolaço

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