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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 08, 2012

CO 2 : O novo tráfico de indulgências


O elemento essencial das indulgências é a cessão a favor de uma pessoa dos méritos realizados por outros. A doutrina básica era que a oração e as boas obras têm um valor acumulável que constitui o "Tesouro da Igreja", uma conta corrente no outro mundo. O depósito inicial seriam os méritos de Jesus, a seguir contribuíram os santos e milhares de conventos e milhões de devotos que elevam suas rezas. Essas santas emissões somaram à igreja uns "milhões de milhões" em misericórdia celestial. A igreja girava sobre essa conta divina a favor dos pecadores que faziam a boa obra de dar à igreja dinheiro soante e deste mundo.

A História conta-nos como esse truque ávido criou um mercado conhecido como "Tráfico de Indulgências". Um tráfico que foi uma das mais graves acusações esgrimidas pela rebelião protestante e que obrigou a própria Igreja Católica a reformar a utilização das suas indulgências.

Agora fala-se outra vez do céu e outra vez de indulgências. Os ricos compram uns "Títulos de Carbono", que lhes perdoam as suas emissões e que obrigam os países em desenvolvimento a não aumentar as suas. O efeito é congelar a má repartição da riqueza mundial
. Como na Organização Mundial de Comércio (OMC), com subsídios à agricultura dos ricos que arruínam a agricultura dos pobres. Mais uma vez os pobres devem salvar o planeta e redimir os pecadores ricos. O pior é que a histeria criada em torno do CO2, um gás benéfico, desvia para um fantasma futuro a atenção que exige a presente e muito real contaminação ambiental.
 

A verdadeira contaminação ambiental

O planeta está contaminado e continua a contaminar-se. A culpa é em parte da ignorância, mas a causa maior é a cobiça, o sermão do lucro como fim supremo. O estimular do consumo para ganhar mais e poupar gastos deixando o ar, a terra ou o mar impregnados de resíduos tóxicos. Mineração a céu aberto. Lagos, rios e praias, negras de petróleo. Pesca excessiva. Florestas abatidas para plantações de soja e óleo de palma. Plásticos e resíduos tóxicos lançados ao mar. Lixo indiscriminado. Resíduos tóxicos despejados em aquíferos. Munição radioactiva da NATO provocando bebés deformados. Bombas de fragmentação israelitas que matam crianças libanesas. A lista é muito longa e não se convoca nenhuma cimeira mundial para saná-la.

Quase tudo o que foi sujado pode ser limpo e recuperado, com esforço. A Europa já recuperou muitos lagos, rios e florestas. O alto nível de educação e uma consciência pública ambiental obrigou seus políticos a actuarem, sem deixar de ser uma grande potência industrial. O país mais contaminador com restos tóxicos são os Estados Unidos (que além disso produzem 30% do CO2 mundial), mas isso quase não se diz. O Pentágono contamina o mundo inteiro com a sua guerra sem fim e a partir de umas 800 bases, mas essas emissões não contam. Os Estados Unidos pedem em todas as negociações – Quioto ou Copenhaga – que a contaminação do Pentágono fique excluída, que não seja medida; por razões de segurança, naturalmente.
 


A diabolização do CO2
 

Mais uma vez a pureza do céu é assediada por um demónio. Mais uma vez o diabo é um anjo caído: o CO2, o gás com que a fotossíntese produz oxigénio. As plantas definham se o CO2 baixa a 220 ppm (3) e morrem com 160 ppm. O nível óptimo é cerca de 1000 ppm.

O ar é uma mistura de gases, 78% de nitrogénio, 21% de oxigénio e 1% de outros gases, dentre eles o CO2. Essa ínfima parte de CO2 oscila com os oceanos: a água fria absorve CO2 e a água quente liberta-o. Os oceanos armazenam uns 25% do CO2 para plantas e seres marinhos. O CO2 é parte da respiração humana. Cuidado, que em breve nos cobram por respirar.
Há uma campanha para culpar o CO2 por um aumento da temperatura terrestre. O trombeteiro mais notório desta acusação é Al Gore, que não é um cientista e sim um político norte-americano. O seu documentário "Uma verdade inconveniente" manipula a partir do próprio título. O seu erro mais claro é dizer que os mares aquecem devido às emissões de CO2, quando é o inverso: o mar primeiro aquece-se e a seguir emite mais CO2. É um facto básico conhecido e explica a coincidência das curvas ascendentes de temperatura e CO2. Receio que seja outro caso de etiquetar com o contrário para vender malfeitorias: uma mentira conveniente.

Sabemos, desde a escola, que a temperatura terrestre flutua com as radiações solares. A vida existe porque há um "Efeito estufa" e o gás que mais o provoca é o vapor de água, as nuvens. A tese do "Aquecimento global gerado pelo homem"  parece explorar com fins políticos a simpatia daqueles que querem defender o ambiente da contaminação. Está a fabricar-se um pretexto para impor uma autoridade mundial que administre a utilização da energia fóssil, crie novos impostos, crie outro mercado de valores falso e desenvolva um mercado para bens ambientais com tecnologias das empresas apátridas. Enquanto isso, desvia-se a atenção da verdadeira poluição.

Contradições desde a origem

Em 1988 foi criado na ONU um "Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC)  que contratou um grupo de peritos. Em 1995 os peritos apresentaram um rascunho que dizia:

"1. Nenhum estudo mostrou evidência de mudança climática devido a gases de estufa:

2. Nenhum estudo refere-se a alguma mudança climática atribuível às actividades humanas".

No Sumário para legisladores do relatório final do IPCC mudaram-se essas duas claras negações por uma afirmação que diz: "O balanço da evidência sugere uma influência humana discernível no clima global". Houve um grande escândalo. Os peritos contratados pelo IPCC ficaram indignados, muitos renunciaram e exigiram do IPCC que apagasse os seus nomes do Relatório Final.

Milhares de cientistas assinam o seu desacordo com o relatório do IPCC. Algum pode ser que seja pago pelas petrolíferas, como dizem, mas têm bons argumentos. Todos dizem que tem havido mudanças globais de temperatura desde sempre. Houve épocas de gelo até os Alpes e outras quentes (900-1200) em que a gelada Gronelândia era verde e uma frota chinesa sulcou o Árctico. Outro argumento válido é que os astrónomos relatam um aumento de temperatura geral em todos os planetas, por uma maior actividade energética do Sol. Não parece culpa humana.
 


O mercado do carbono

É a ideia favorita de grandes empresas, bancos, políticos e algumas ONG. Uma autoridade mundial administraria um mercado de direitos de emissão de CO2. O volume de emissões legais seria o dos níveis históricos, ou seja, não se diminui, congela-se. Aqueles que ultrapassem o nível de emissões legal podem comprar títulos àqueles que emitem menos do que o permitido. A Europa tem algo assim com o nome de Sistema de Comércio de Direitos de Emissão (EU ETS). O presidente Sarkozy já anunciou impostos indirectos (sobre o consumidor) para o carbono.

Congelar as emissões históricas é a essência da proposta. O desenvolvimento necessita energia e essa provém – hoje – de combustíveis fósseis que geram CO2 e também gases tóxicos. O mercado de carbono é um meio para travar os países em desenvolvimento e criar outra bolsa para jogar com as emissões de dólares sem fundos que contaminem a economia internacional.

Pandemónio em Copenhaga

O objectivo oculto da cimeira de Copenhaga era por um preço no CO2. Apresentou-se um papel já "negociado" com os países em desenvolvimento "cooperativos" de sempre. O acesso às reuniões hierarquizou-se. Admitiram-se só países representados por presidentes e excluíram-se os representados por ministros de Negócios Estrangeiros. Uma clara violação do direito internacional. Ainda assim, excluíram-se Hugo Chávez e Evo Morales, presentes em Copenhaga, por não serem "cooperativos".
A seguir verificou-se algo para constar nos anais da má prática diplomática. O primeiro-ministro da Dinamarca, Anders Rasmussen, com o documento na mão, ordenou aos países que o estudassem em uma hora, aprovassem-no e encerrassem a sessão. Levantou-se para ir embora, mas a Secretária convidou-o a ouvir as delegações que pediram a palavra. Deixou falar, mas só os de sempre.

A delegada da Venezuela, Claudia Salerno, bateu inutilmente na mesa, pedindo a palavra. No fim, com a mão inchada, interpelou Rasmussen: "Será que devo ter sangue nas mãos para poder falar? Isto é uma vergonha". No fim deram-lhe a palavra. Seguiram-na Cuba, Bolívia e outras delegações do ALBA, todas recusando o documento.

O sr. Rasmussen ouviu, sem tomar notas como faz todo presidente de uma reunião. A seguir veio a segunda gaffe, de repente: perguntou quantos estavam contra, para passar à votação. Mais uma vez a Venezuela o pôs no seu lugar e recordou-lhe que na ONU as decisões são tomadas por consenso. O sr. Rasmussen pediu uma pausa, da qual já não regressou. A reunião terminou presidida por um vice-presidente, das Bahamas, o qual fez o que é adequado: tomar notas no papel.

Conclusão

Combater a poluição é urgente. Assinalar o CO2 com o espantalho da "Mudança climática" parece uma fabulação destinada a controlar o CO2, que é controlar energia. Deseja-se criar um direito adquirido ao consumo de energia e o de negá-lo a outros. A OMC é exemplo do jogo com níveis históricos: aqueles que davam subsídios agrícolas antes podem continuar a dá-los e proíbe-se dá-los àqueles que produziam sem usar subsídios. Não estamos loucos e não esperamos um resultado diferente. Errare humanum est, perseverarem diavolicum. 


por Umberto Mazzei do Instituto de Relações Económicas Internacionais, de Genebra.


fonte: resistir.info
Ver também



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  • A falta de senso do consenso , Rui Moura
  • A fabricação do pânico climático , Rui Moura
  • A paranóia do dióxido de carbono , Rui Moura
  • Aquecimento global: uma impostura científica , Marcel Leroux (1938-2008)
  • A fábula do aquecimento global , Marcel Leroux
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  • Arrefecimento global
  • A histeria do aquecimento global: Ar quente & dinheiro frio – os comerciantes do medo
  • A agenda oculta de Copenhaga: O comércio multibilionário em derivativos do carbono
  • Contra as mistificações do Relatório Climático da ONU
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