O senador Fernando Collor (PTB-AL) defendeu mais uma vez o depoimento do
dono da editora Abril, Roberto Civita; do diretor da revista Veja em
Brasília, jornalista Policarpo Júnior; e do procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) do Cachoeira.
De acordo com o senador, está em curso “mais uma tentativa de
manipulação da opinião pública”. Ele acredita que o objetivo é “fazer a
sociedade acreditar que há uma campanha de cerceamento à liberdade de
imprensa e de controle dos meios de comunicação, simplesmente por se
tentar investigar ligações da revista Veja com o crime organizado, por
se tentar ouvir o jornalista Policarpo Júnior e o senhor Roberto Civita
numa CPI”.
- Nada mais retrógrado, dissimulado e miasmático do que a velha e
conhecida tática de desviar o foco do debate para encobrir a realidade –
afirmou o senador.
Collor disse haver “fortes indícios” de que a revista, depois de uma
nítida mudança de sua linha editorial nos últimos 30 anos, vem, há quase
uma década, “mantendo ligações escusas e suspeitas com uma organização
criminosa, por meio de troca de favores, por meio de troca de
informações, por meio de tráfico de influencia”.
Para o senador, é preciso ficar claro até que ponto há uma “coabitação
perniciosa que extrapola uma mera relação jornalista-fonte”. Ele afirmou
que investigar “essa coabitação” não tem nada a ver com cerceamento à
liberdade de imprensa.
- Falamos de crimes, e não de ferir a livre manifestação – afirmou.
Para o parlamentar, Roberto Civita “encarna a figura do próprio
departamento comercial” e sua revista “passou a viver do lobby
editorial, para beneficiar outros grupos, e da necessidade de fabricar
escândalos”. Para ele, a revista se equivale a “um autêntico cassino”,
no qual suas diversas seções “são utilizadas como máquinas de caça
níqueis”.
- Esta revista foi capaz de reunir, numa mesma equipe, nos últimos anos,
confrades que se dedicam a transformar falsificadores de dossiês em
vítimas de achacadores. E pior, utilizam-se de chantagens e meios
truculentos contra os críticos da revista, mesmo que ex-colegas de
redação, com ameaças por meio de dossiês forjados ou inexistentes. Esse é
o modus operandi editorial da revista, sempre com o olhar para o
comercial, o lucro – afirmou Collor.
O senador disse que o jornalista Policarpo Júnior – “vezeiro em escusos
encontros no Parque da Cidade”, em Brasília – antecipa-se à ação e
planeja, com a fonte, as informações a serem obtidas – sempre com a
aquiescência de seu patrão.
- Presta-se a ser uma peça passiva em atos supostamente ilegais. E é
isso que precisa ser investigado, já que tudo indica que esse esquema é
uma das teias mais intrincadas, sofisticadas e importantes da rede
supostamente criminosa montada pelo senhor Carlos Cachoeira – disse o
senador.
Collor lembrou que Policarpo Júnior teve participação na CPI da Loterj,
feita pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 2004, e no
Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em 2005, quando testemunhou a
favor de Carlos Cachoeira. O senador defendeu o comparecimento
espontâneo de Policarpo e de Roberto Civita para deporem na CPI e
convencerem a opinião pública que “tudo não passa de uma relação típica
da lide jornalística, como alegam”.
O parlamentar citou frases de diversos jornalistas sobre as práticas da revista, entre eles Luiz Nassif e Alberto Dines.
Collor disse, ainda, que “até agora ninguém explicou” o porquê de o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a subprocuradora
Claudia Sampaio Marques (esposa do procurador-geral) não terem tomado
qualquer providência quanto ao inquérito da Operação Vegas. O senador
citou diversas leis e duas resoluções do Conselho Nacional do Ministério
Público para afirmar que alguns veem, na ação de ambos, “materialização
de crimes de prevaricação e de responsabilidade por descumprimento de
prazo a que estão sujeitos os procuradores no trato e no desfecho de
inquéritos nos quais se enquadram, acima de tudo, o dever de decidir e o
prazo razoável”.
- Ou seja, a mais absoluta obediência ao princípio do dever de ofício.
Assim, há que se investigar a motivação de posturas desse tipo. O que de
fato há por trás dessa procrastinação? Que interesse outros moveram o
procurador-geral da República para agir ou não agir desse modo? Já
pensaram se todos os procuradores, baseados no exemplo do
procurador-geral da República, desejassem fazer o mesmo? A sociedade
espera uma resposta, uma resposta clara e insofismável – finalizou o
senador.
*comtextolivre
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