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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 22, 2012

Collor defende novamente depoimento à CPI de Roberto Civita, Policarpo Jr e Roberto Gurgel



O senador Fernando Collor (PTB-AL) defendeu mais uma vez o depoimento do dono da editora Abril, Roberto Civita; do diretor da revista Veja em Brasília, jornalista Policarpo Júnior; e do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira.
De acordo com o senador, está em curso “mais uma tentativa de manipulação da opinião pública”. Ele acredita que o objetivo é “fazer a sociedade acreditar que há uma campanha de cerceamento à liberdade de imprensa e de controle dos meios de comunicação, simplesmente por se tentar investigar ligações da revista Veja com o crime organizado, por se tentar ouvir o jornalista Policarpo Júnior e o senhor Roberto Civita numa CPI”.
- Nada mais retrógrado, dissimulado e miasmático do que a velha e conhecida tática de desviar o foco do debate para encobrir a realidade – afirmou o senador.
Collor disse haver “fortes indícios” de que a revista, depois de uma nítida mudança de sua linha editorial nos últimos 30 anos, vem, há quase uma década, “mantendo ligações escusas e suspeitas com uma organização criminosa, por meio de troca de favores, por meio de troca de informações, por meio de tráfico de influencia”.
Para o senador, é preciso ficar claro até que ponto há uma “coabitação perniciosa que extrapola uma mera relação jornalista-fonte”. Ele afirmou que investigar “essa coabitação” não tem nada a ver com cerceamento à liberdade de imprensa.
- Falamos de crimes, e não de ferir a livre manifestação – afirmou.
Para o parlamentar, Roberto Civita “encarna a figura do próprio departamento comercial” e sua revista “passou a viver do lobby editorial, para beneficiar outros grupos, e da necessidade de fabricar escândalos”. Para ele, a revista se equivale a “um autêntico cassino”, no qual suas diversas seções “são utilizadas como máquinas de caça níqueis”.
- Esta revista foi capaz de reunir, numa mesma equipe, nos últimos anos, confrades que se dedicam a transformar falsificadores de dossiês em vítimas de achacadores. E pior, utilizam-se de chantagens e meios truculentos contra os críticos da revista, mesmo que ex-colegas de redação, com ameaças por meio de dossiês forjados ou inexistentes. Esse é o modus operandi editorial da revista, sempre com o olhar para o comercial, o lucro – afirmou Collor.
O senador disse que o jornalista Policarpo Júnior – “vezeiro em escusos encontros no Parque da Cidade”, em Brasília – antecipa-se à ação e planeja, com a fonte, as informações a serem obtidas – sempre com a aquiescência de seu patrão.
- Presta-se a ser uma peça passiva em atos supostamente ilegais. E é isso que precisa ser investigado, já que tudo indica que esse esquema é uma das teias mais intrincadas, sofisticadas e importantes da rede supostamente criminosa montada pelo senhor Carlos Cachoeira – disse o senador.
Collor lembrou que Policarpo Júnior teve participação na CPI da Loterj, feita pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 2004, e no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em 2005, quando testemunhou a favor de Carlos Cachoeira. O senador defendeu o comparecimento espontâneo de Policarpo e de Roberto Civita para deporem na CPI e convencerem a opinião pública que “tudo não passa de uma relação típica da lide jornalística, como alegam”.
O parlamentar citou frases de diversos jornalistas sobre as práticas da revista, entre eles Luiz Nassif e Alberto Dines.
Collor disse, ainda, que “até agora ninguém explicou” o porquê de o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e a subprocuradora Claudia Sampaio Marques (esposa do procurador-geral) não terem tomado qualquer providência quanto ao inquérito da Operação Vegas. O senador citou diversas leis e duas resoluções do Conselho Nacional do Ministério Público para afirmar que alguns veem, na ação de ambos, “materialização de crimes de prevaricação e de responsabilidade por descumprimento de prazo a que estão sujeitos os procuradores no trato e no desfecho de inquéritos nos quais se enquadram, acima de tudo, o dever de decidir e o prazo razoável”.
- Ou seja, a mais absoluta obediência ao princípio do dever de ofício. Assim, há que se investigar a motivação de posturas desse tipo. O que de fato há por trás dessa procrastinação? Que interesse outros moveram o procurador-geral da República para agir ou não agir desse modo? Já pensaram se todos os procuradores, baseados no exemplo do procurador-geral da República, desejassem fazer o mesmo? A sociedade espera uma resposta, uma resposta clara e insofismável – finalizou o senador.
*comtextolivre

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