Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 10, 2012


É o mensalão, estúpido.
O brindeiro tem razão

O brindeiro Gurgel é assim: ele acerta o diagnóstico e erra na terapia.

Ao sentar em cima da Operação Vegas ele “acertou” o diagnóstico.

Lá dentro estava o poderoso Senador Demóstenes, o Catão do Cerrado, importante eleitor na hora de escolher ou reconduzir um Procurador Geral da República.

O Catão era o queridinho do PiG (*).

Diagnóstico perfeito.

No Palocci, no Orlando Silva, na licitação da Copa, o brindeiro esteve sintonizado com o PiG (*) de forma quase automática.

O problema do brindeiro é a terapia.

No caso da Operação Vegas, a terapia pode levar à suspeita de “prevaricação”.

Nesta quarta-feira, na extravagante entrevista – clique aqui para ler “Brindeiro desafia o Congresso e se protege com o mensalão” -, brindeiro, de novo, errou na hora de aplicar o tratamento.

Desafiar o Congresso e dizer que o Senador Fernando Collor tem medo do mensalão equivale a dizer que o Cerra tem medo do PiG (*).

Como se sabe, Collor tomou a dianteira na CPI e quer ter uma conversinha com o Gurgel e o Robert(o).

Não há notícia de um Procurador Geral da República que se tornasse suspeito de prevaricação e desafiasse o Congresso para se salvar.

Viva o  Brasil !

Mas, no diagnóstico, o brindeiro acertou em cheio.

É o mensalão, mesmo, o que está em jogo, amigo navegante.

Porque, lá dentro, nas vísceras dessa CPI, está a revelação de que foram Demóstenes e Cachoeira que armaram para derrubar o José Dirceu e criar o mensalão, como demonstrou a TV Record, ao melar o mensalão.

(Depois, com os áudios do Cachoeira, a Record incriminou o Robert(o) Civita de forma inequívoca.)

O brindeiro tem razão, sim, porque dentro da CPI se perceberá com nitidez o que, aqui, se mostrou: “Demóstenes, Robert(o) e Cachoeira se uniram para derrubar o Lula e dar o Governo ao Cerra”.

A oposição e seu braço armado, o PiG (*), não podem viver dessa “crise inflacionária” que, hoje, inflama os Urubólogos.

Isso é “nuvem passageira”.

A última linha de resistência do PiG (e sua risível expressão no Congresso) é o mensalão.

(Aqui pra nós, amigo navegante, o Álvaro Dias como porta-voz da Moralidade é, no mínimo, uma agressão ao bom senso. Ele tem o “gravitas” de uma pena de pardal.)

Logo, condenar o José Dirceu.

Se o Supremo não condenar o Dirceu, o Merval corta os pulsos e vai sujar o fardão.

Diga, aí, amigo navegante, uma única ideia que possa mover a Oposição em 2014.

Um único sopro de inovação.

Uma alternativa ao programa trabalhista do Nunca Dantes e da JK de Saias.

Zero.

Nada.

Da usina da Oposição não sai fumaça.

O que mantem a Oposição viva é o PiG.

E o PiG tem a faca nos dentes: quer a cabeça do Dirceu.

Levar o Dirceu para os debates de 2014, como o Padim Pade Cerra, por fora, levou o Dirceu em 2010.

Por dentro, os Brucutus tratavam do aborto (no Chile, pode).

O Conversa Afiada concorda com o Vander, e gostaria de ver o Supremo votar logo o mensalão.

E quer ver o Supremo condenar o Dirceu.

Em tempo: o Conversa Afiada reproduz comentário que recebeu (via iphone) de observador do PiG (*), do mensalão e agora do brindeiro Gurgel:

Mais grave (do que a entrevista ao jornal nacional) são suas declaracoes chamando os reus de “mensaleiros”. Falando em fato notorio, que não precisa de provas. Escondendo que foi o delegado da PF que relatou que ele e a mulher (não investigaram a Vegas). E o nepotismo ? Ao contrario do que ele (o brindeiro) afirmava, relatou ao delegado que não via indicios para investigar Carlinhos Cachoeira e Demostenes. O JN escondeu esse fato. e (escondeu) as cobrancas do procurador licenciado Pedro Taques, hoje senador PDT, independente do governo. Assinado: Vasco2


Em tempo 2: o Palocci também começou a cair assim: numa trepidante entrevista ao jornal nacional. PHA

Em tempo 3: o deputado Cândido Vacarezza parece dar ao PT uma voz mais firme. Ele também quer ter uma conversinha com o Gurgel. Vamos ver se ele engrossa a voz com o Robert(o) e na CPI da Privataria.

Em tempo 4: o PiG (*) está felicíssimo porque o STF conferiu cinco horas ao brindeiro Gurgel para acusar o Dirceu no julgamento do mensalão. Como se sabe, o discurso de Gettysburg, que entrou para a História da Civilização e ajudou Lincoln a ganhar a Guerra Civil, durou dois minutos. Se duração de discurso ganhasse a guerra, o Fidel tinha conquistado a Flórida.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário