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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 21, 2012

Quem acredita no amor.

 


 
 
A mentira gosta das almas covardes, como a prepotência é sempre um sinal dos fracos. Nem todo sorriso é sinal de alegria, como nem toda mão que treme é de um desesperado. Quem acha graça da desgraça alheia, não está feliz com sua própria graça, assim como nem sempre é triste quem chora diante da morte. O olhar parado da pessoa injustiçada, não é um sinal de concordância, como oferecer um cigarro, não é sinal de amizade. Um grito assustador, nem sempre vem de quem tem medo, como nem toda força pertence ao mais sábio. Quem revida com violência quase nunca está certo, assim como não há sanidade na dor do pai ou da mãe. As palavras não dizem a ternura, como o silêncio diz a força de quem está certo. Adoece quem acha que as coisas são mais importantes do que o caráter, assim como é lixo tudo o que mora no luxo da riqueza só de dinheiro. Toda mulher é uma constelação de mistérios, cores e sensibilidades, como todo homem é dotado da capacidade de rever seus erros e acreditar na força da tolerância. Não há verdades confessadas, como não há mentiras encobertas, porque sabemos o que fazer, sempre sabemos o que fazer, mesmo quando a gente não quer fazer, a gente sabe. Quem acredita no amor transforma toda dor em coragem, toda queda em um passo, toda agressão em sorriso, toda resistência em leveza, assim como, quem não acredita no amor, sempre sabe que, no fundo, está esperando alguém que acredite... JM
*TPM

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