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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, maio 21, 2012

Repórter da Globo chama Herrera de babaca

 

O repórter Marco Aurélio Souza, da Sportv/Globo, chamou de “babaca” o argentino Herrera, atacante do Botafogo, pela recusa em pedir música para o Fantástico pelos três gols que fez na vitória deste domingo (20) sobre o São Paulo.
“O tolerante”
O jornalista expressou sua “opinião” sobre o jogador através da sua conta no Twitter.
A “normalidade” e o “humor” exaltados pelo profissional não o fizeram ter tolerância suficiente para se abster de xingar o atleta.
Cada um pode julgar como quiser a atitude do Herrera. Eu achei um gesto sensacional, pelo simbolismo que representa, o que expliquei aqui.
A assoberbada emissora do Jardim Botânico não costuma ouvir não como resposta a qualquer pedido. Quando ocorre, muita gente por lá fica descontente, para dizer o mínimo. A primeira manifestação do incômodo partiu do repórter.
Nem acho a história do “artilheiro musical” uma babaquice como tantas outras da Globo, tal qual o quadro “inacreditável futebol clube”, que é absolutamente ridículo.
Daí a ofender o sujeito que se recusou a participar da brincadeira… é babaquice pura!
Vinda de um profissional do jornalismo é pior ainda.
Imaginem se o Herrera, numa entrevista ao vivo, chama o seu entrevistador de babaca, apenas por não gostar do sujeito…
Curioso é ver tal atitude partir de alguém que, em tese, deveria promover a tolerância, sobretudo por trabalhar no esporte, ainda mais no futebol, um fenômeno social que gera tanta paixão, mas não deixa de contribuir com sua cota de tragédias sociais, especialmente quando a violência entra em jogo.
Como diria um outro cronista esportivo, “que desagradável”.
O “babaca”, segundo o global
Nessas horas é bom lembrar que a arrogância é irmã da soberba e prima da prepotência.
[Atualização: Mal cliquei no botão "publicar" aqui e fui informado que o dito cujo abaixo apagou o que escreveu. Curioso que, após xingar o jogador do Botafogo, o repórter escreveu, também no seu microblog: "No meu twitter, escrevo o que bem entender."]
No Conexão Brasília Maranhão

Um leitor, no twitter, fez o comentário certeiro: 
@adamastaquio “Essa é a Globo e seu modo truculento de agir! Imagina o q a Globo n faz com coisa séria então… Tipo eleição!” 
*comtextolivre

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