Pelo fim do Terror de Estado
Via Brasil de Fato
O
denominador comum de todas essas manifestações reside no Terror de
Estado implantado pelo capital desde o golpe de 64, e do qual, o novo
Estado de Direito herdou e até aperfeiçoou
Alipio Freire*
A
última semana foi pródiga no que diz respeito aos Direitos Humanos no
Brasil. Em 7 de maio, foram expedidos mandados de prisão contra o
coronel Mário Colares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira,
responsáveis pelo Massacre de Eldorado do Carajás (Pará, 1996), quando
19 trabalhadores rurais sem terra (MST) foram assassinados pela PM.
Na
sexta-feira (11), a presidenta Dilma Rousseff anunciou os nomes dos
integrantes da Comissão Nacional da Verdade – CNV. No sábado (12),
completaram-se seis anos dos Crimes de Maio, quando o consórcio PM-Crime
organizado, em uma semana, assassinou cerca de 600 pessoas nos bairros
populares e periferias da Grande São Paulo. Como parte da luta pelo
esclarecimento dos crimes e punição dos responsáveis, o movimento Mães
de Maio realizou um ato público em Santos.
Paralelamente,
seguia a polêmica sobre a publicação do livro “Memórias de uma guerra
suja”, dos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, a partir de
entrevista com o hoje pastor evangélico Cláudio Guerra, ex-delegado do
Deops capixaba, e “um dos policiais mais poderosos dos anos 70 e 80”,
sobre crimes perpetrados por ele e outros agentes do Estado, a serviço
dos sucessivos governos da ditadura do pós 64.
A
semana se encerrou com escraches-esculachos, promovidos por um conjunto
de coletivos de jovens que se apresentam sob a rubrica geral de Levante
Popular da Juventude – por sinal, o mais adequado e conseqüente
movimento surgido nos últimos meses.
O
denominador comum de todas essas manifestações reside no Terror de
Estado implantado pelo capital desde o golpe de 64, e do qual, o novo
Estado de Direito herdou (e até aperfeiçoou) as diretrizes centrais.
Se
é isto, cabe aos diversos movimentos contra a Ordem do Terror que se
impõe à classe trabalhadora e ao povo, pensar uma forma conjunta de
estabelecer – guardadas a independência e a autonomia de cada movimento –
estratégia e políticas comuns, capazes de nos fazer avançar no
aprofundamento da democracia hoje vigente.
*Alipio
Freire, jornalista e escritor, integra o Conselho Editorial do Brasil
de Fato, e faz parte da Diretoria do Núcleo de Preservação da Memória
Política
*GilsonSampaio
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