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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 19, 2012


Vitória da esquerda radical na Grécia causará um ‘efeito dominó’ na Europa, prevê Syriza


Syriza
Ao lado de um dirigente da coalizão Syriza, a deputada Luciana Genro (PSOL-RS) estuda a situação da Grécia
Em viagem à Grécia, a deputada Luciana Genro (PSOL-RS), após conversas com líderes da esquerda radical naquele país, nesta sexta-feira, afirmou que em caso de vitória do partido de tendência comunista Syriza, o desligamento da União Europeia é um passo ainda impensável. Durante esta tarde, Genro manteve reuniões com “Haris Golemis e Gabriel Sakelaridis, ambos membros do Comitê Central do Synaspismos, principal partido que compõe a coalizão Syriza”.
“Gabriel é também o responsável pela comitê econômico do Synaspismos e perguntei a ele sobre a questão da manutenção ou não da Grécia na zona do Euro, caso o Syriza ganhe as eleições. Ele disse que a Syriza não vai facilitar a vida do imperialismo, simplesmente retirando a Grécia da zona do Euro. Uma expulsão não é descartada, no caso de um governo encabeçado pela Syriza, pois certamente os ditames do memorandum não serão cumpridos e as retaliações virão”, escreveu a parlamentar em sua página na rede de microblog Twitter.
Luciana Genro também ouviu dos líderes radicais de esquerda que há uma aposta política em curso na Grécia: “Caso a coalizão Syriza vença as eleições (é esperado que) um efeito dominó possa ocorrer na Europa, e desta forma ser possível disputar uma nova geografia política para a União Europeia. Eles não são ingênuos, e sabem bem como isso é difícil, mas a luta estará aberta no caso de uma vitória eleitoral da Syriza”.
“Em relação a esta possibilidade, uma pesquisa divulgada na véspera mostrou a Syriza em franco crescimento, atingindo 23% das intenções de voto. O Nova Democracia estaria ainda levemente na frente com 26%. Os dirigentes da Syriza sabem, entretanto, que a burguesia e o imperialismo farão o possível e o impossível para impedir uma vitória da esquerda radical. De qualquer forma a Grécia não será a mesma depois deste processo”.
A deputada gaúcha, filha do governador Tarso Genro, também concedeu uma entrevista à Rádio Vermelha, uma emissora de esquerda “e muito popular em Atenas”, ilustra.
“O pitoresco desta entrevista é que tive como tradutora do inglês para o grego ninguém menos do que uma filósofa grega! Aliky é uma jovem de 28 anos, PHD em filosofia pela Universidade de Atenas e dirigente da juventude da Syriza. Coisas assim só acontecem na Grécia, berço da filosofia ocidental”, concluiu Luciana Genro.
*correiodoBrasil

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