Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 28, 2012

Dilma afirma que década de 1990 fez América do Sul perder 'tempo valioso'. Ao lado da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, brasileira ressalta que governantes da região não têm 'o direito' de cometer o erro de não promover a integração

Dilma afirma que década de 1990 fez América do Sul perder 'tempo valioso'

Ao lado da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, brasileira ressalta que governantes da região não têm 'o direito' de cometer o erro de não promover a integração
Publicado em 28/11/2012, 18:20
Última atualização às 18:22
Dilma afirma que década de 1990 fez América do Sul perder 'tempo valioso'
Dilma enfatizou que as políticas de ajustes recessivos levaram desemprego e desesperança aos cidadãos (Foto: Roberto Stuckert Filho. Planalto)
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff voltou a afirmar hoje (28) em Los Cardeles, próximo a Buenos Aires, que a América do Sul foi prejudicada pelas políticas recessivas adotadas pelos governos da região durante as décadas de 1980 e 1990. “Naquele momento interrompemos a nossa industrialização e perdemos um tempo valioso ao descuidarmos do imprescindível projeto de integração regional”, disse a brasileira ao lado da presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner.
Dilma dedicou boa parte dos seus 31 minutos de discurso durante o encerramento de uma conferência de empresários da setor industrial a promover comparações com o momento atual da Europa e ressaltar a necessidade de parceria entre os governos de Brasil e Argentina. “Temos, hoje, maturidade política e econômica para cooperar. Temos um quadro internacional que nos impõe essa necessidade. É bom destacar que a volta da democracia em nossos países soterrou os nefastos resquícios de rivalidade regional do passado”, apontou. “Nós já perdemos oportunidades no passado de estreitar as nossas relações, de nos integrarmos. Neste momento não temos o direito, perante nossos povos e nossos países, de cometer o erro de não nos integrarmos.”
Dilma recordou que o comércio bilateral cresceu quase seis vezes ao longo da década, mas avaliou que o montante de US$ 40 bilhões alcançado em 2011 ainda é pouco ao se levar em conta a complementaridade entre as duas nações e do quadro atual do mundo, marcado por recessão. Durante a conferência, a presidenta voltou a advertir que considera equivocadas as medidas adotadas pela União Europeia para tentar frear o quadro de crise. De 2008 para cá, as economias regionais têm imposto cortes de direitos sociais e previdenciários na tentativa de diminuir o tamanho das dívidas que assolam as nações, o que provoca protestos dos trabalhadores e dos jovens, grupos mais afetados.
“O Brasil vem defendendo uma articulação, uma combinação entre ajustes e estímulos fiscais, com vista à retomada do crescimento. Porque doeu na nossa carne, aqui na América Latina, a terrível experiência dos ajustes recessivos ocorridos em nossos países nas décadas de 80 e 90. Desindustrialização, desemprego, perda de direitos sociais e democráticos, desesperança”, afirmou. 
A presidenta enumerou ainda as medidas tomadas pelo Brasil na tentativa de conter os efeitos da crise internacional, como a valorização do dólar frente ao real e os sucessivos cortes na taxa de juros. Para ela, é possível que a Argentina colabore com os esforços do governo federal em promover melhorias na infraestrutura, resolvendo os problemas históricos que prejudicam o desenvolvimento nacional. “Eu queria dizer que juntos nós somos muito mais fortes, juntos nós temos condição de enfrentar, de uma forma mais efetiva, os desafios que o mundo coloca diante de nós e as obrigações que os nossos povos nos impõe, porque devemos a eles mais desenvolvimento, mais justiça social e a manutenção desse quadro democrático e de paz que honra a nossa região.”
Dilma retorna ainda hoje a Brasília. Ela cancelou a participação na cúpula da União de Nações Sul-americanas (Unasul), marcada para sexta-feira (30) em Lima, por problemas de agenda, segundo o Palácio do Planalto. 
*redebrasilatual

Nenhum comentário:

Postar um comentário